A escalada de bombardeios israelenses contra a capital do Líbano, Beirute, impediu mais uma vez que os brasileiros no país levantino fossem evacuados. O Ministério das Relações Exteriores (MRE) anunciou hoje (4) o adiamento do voo de repatriação por conta de medidas de segurança.
“Em consequência da necessidade de medidas adicionais de segurança para os comboios terrestres que se dirigirão ao aeroporto da capital libanesa, a operação do primeiro voo brasileiro de repatriação não ocorrerá no dia de hoje. Novas informações sobre o voo serão prestadas ao longo do dia”, diz a nota do MRE.
Há pelo menos cerca de 20 mil brasileiros no Líbano, além daqueles que foram visitar o país. Destes, pelo menos 3 mil já preencheram formulários para a fila de repatriação.
Somente no dia 4/10, até o fechamento desta reportagem, 20 bombardeios israelenses foram notificados no Líbano. Pelo menos quatro paramédicos foram assassinados em um ataque a drone perto do hospital na cidade de Marjeyoun.
Até agora, o Estado sionista de Israel já assassinou dois brasileiros no Líbano. Ambos eram adolescentes: Mirna Raef Nasser, de 16 anos, e Ali Kamal Abdallah, de 15 anos.
Em um áudio de um funcionário da Embaixada brasileira em Beirute enviado a um grupo de Whatsapp de diplomatas e servidores públicos, o trabalhador desabafa sobre a situação. “Beirute é o inferno na terra”, diz ele. “Precisamos de algum prognóstico de que haverá um mometno de segurança e paz, porque senão ninguém vai aguentar isso”.
Ele denuncia ainda o uso de armas proibidas pelo direito internacional. “Usam bomba com fósforo, não é uma bomba qualquer. Fósforo é usado para destruir as árvores para ter uma linha de tiro aberta…para não ter onde o pessoal do Hezbollah se esconder… Usaram numa área urbana que fica a um quilômetro de onde estou, a 500 metros da escola do filho de um dos colegas”.
“Tem muita gente morrendo, crianças na rua”, detalha ele. “Está pior que Kiev [capital da Ucrânia]”.
O conjunto da situação torna ainda mais grave a manutenção das relações do Estado brasileiro com o regime sionista. Antes de Israel lançar a agressão contra o Líbano, situações similares de adiamento haviam ocorrido em Gaza. Quatro brasileiros e familiares foram mortos no território palestino pelos bombardeios israelenses.