Fascista Bolsonaro almeja regime militar com ele à frente. Foto: José Dias/PR
Após os recentes acontecimentos no Estados Unidos (USA), de tentativa de golpe de Estado do presidente Donald Trump através de milícias contrarrevolucionárias, o fascista Jair Bolsonaro sentiu-se encorajado. No dia 7, ele disse que “se não tiver voto impresso em 2022, teremos problema pior do que o USA”. Trata-se de uma clara ameaça de um boquirroto e falastrão.
A declaração, tão explicitamente golpista, repercutiu frontalmente no seio das classes dominantes mais ligadas ao sistema parlamentar. Rodrigo Maia (DEM), atual presidente da Câmara dos Deputados, foi um dos que qualificou a fala como ameaça.
Está diretamente relacionada com ela o processo de desgaste e desidratação que Bolsonaro está sofrendo – em que pese a gravidade da fala, ela tem pouca potência efetiva nas atuais condições (embora tais condições sejam sempre cambiantes e flexíveis). Com a pandemia, Bolsonaro foi obrigado pelo plano contrarrevolucionário dos generais golpistas a ceder o auxílio emergencial para adiar a explosão de uma enorme rebelião popular. Depois, passou a apoiar-se no auxílio e a defender a criação de medidas similares como meio para alçar popularidade e ser capaz de ganhar as eleições de 2022, como única forma de continuar a disputar seriamente, no imediato, a direção da ofensiva contrarrevolucionária (o golpe de Estado desatado em 2015, que tem sido analisado pelo AND).
Qual golpe?
Reproduz-se abaixo trecho do Editorial de AND 236, intitulado Em meio de crises e sobre pilhas de cadáveres, os generais governam:
“Qual golpe de Estado conduzido por vias constitucionais é este? É o desatado em 2015, como Operação “Lava Jato”, como acordo firmado pelo núcleo do establishment (os círculos mais poderosos dos grandes banqueiros e industriais, os mais poderosos dentre os latifundiários, do monopólio de imprensa, além de altos burocratas e seleto grupo de procuradores, sob a centralização do ACFA com a embaixada ianque como “conselheira”) para tentar salvar seu sistema de exploração e opressão do povo e da Nação da decomposição avançada em que se acha. É sua resposta preventiva posterior ao grande levante de massas de 2013-14, que pusera a nu a falta de legitimidade do falido e putrefato sistema político.
Os generais, anticomunistas viscerais, têm por objetivo concentrar o Poder em suas mãos, mas de modo dissimulado, preferencialmente com aparência de governo civil, objetivo a ser alcançado através da deformação da constituição com coações, ameaças às outras instituições e às forças políticas. Movem-se assim como tática por impedir a inevitável amplitude da resistência popular que uma brutal intervenção militar causaria. Essa reestruturação do velho Estado de concentração absoluta do Poder no Executivo urge como necessidade para cumprir outras duas tarefas também cruciais à salvação da velha ordem ameaçada de ruína: aumentar a superexploração do povo e a entrega da Nação para tentar tirar a economia do buraco, impulsionando o enfermo capitalismo burocrático, e conjurar o perigo de Revolução ou de esmagá-la quando esta se levante.
Não é que o golpe conduzido pelos altos comandantes seja constitucional em si: ele deforma, através de ameaças com seu poder militar, a constituição ou a interpretação que se faz dela e impõe reformas que a reduz ainda mais, tudo para justificar legalmente os caminhos traçados e chegar aos seus objetivos terroristas. Nesse sentido ocorreram quase todas as falas públicas de chefes militares sobre política nos últimos quatro anos.
Já Bolsonaro, que arquiteta e apregoa um golpe, com ele à cabeça, debilitado nos últimos meses, segue jogando com a opinião pública reacionária de modo a desmoralizar ainda mais as instituições e, diante do caos social, forçar os generais a fechar o regime político agora, já, contexto em que a extrema-direita tende a se impor. Sabe que necessita de popularidade e fará de tudo entre ceder e fechar acordos para reeleger-se, pois que, para seus planos golpistas, estar no Planalto é mais de meio caminho andado. Contudo, ambos os bandos – Bolsonaro e generais – querem o reino do terror contrarrevolucionário para esmagar os revolucionários e as massas organizadas, cercear e amedrontar os democratas e progressistas e “limpar” o terreno para explorar como nunca antes todo o povo e entregar de vez a Nação à sanha das corporações do imperialismo, principalmente ianque (Estados Unidos, USA). Só as vias de lá chegar é que são diversas”.