80 mil soldados: Estados árabes lacaios preparam invasão ao Iêmen enquanto EUA mata 74 pessoas em porto

Foto: Mohammed Hamoud/Anadolu/picture alliance

80 mil soldados: Estados árabes lacaios preparam invasão ao Iêmen enquanto EUA mata 74 pessoas em porto

O Porto de Ras Issa, no Iêmen, local onde o Estados Unidos (EUA) assassinou 74 pessoas e feriu 171 com violentos bombardeios no dia 17 de abril, será um dos pontos iniciais de uma invasão planejada pelos Emirados Árabes Unidos (EAU) em conjunto com a Arábia Saudita e a serviço do imperialismo norte-americano, segundo informações veiculadas pelo monopólio de imprensa The National, do EAU, no dia 11/04. 

Segundo as informações, o plano está sendo articulado pelo Centro de Pesquisa do Golfo, sediado na Arábia Saudita, que conta com investimentos sauditas, dos EAU e do financiamento ativo da petrolífera britânica Shell, que almeja se apossar das vultosas reservas iemenitas. 

Ansarallah nega proposta de cessar-fogo dos EUA e mantém ataques à marinha ianque – A Nova Democracia
A proposta de cessar fogo, negada pelos iemenitas, se deu uma semana após o monopólio de imprensa estadunidense New York Times publicar que a campanha iemenita de ataques aos porta-aviões ianques está interferindo diretamente nos interesses da superpotência imperialista. 
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O presidente do Centro de Pesquisas do Golfo, Abdulaziz Sager, afirmou que “há uma preparação de quase 80 mil soldados” sendo convocados no Sul do Iêmen para atacar diferentes locais do território. Caso isso se confirme, será a maior ofensiva desde a guerra civil, e que terá como objetivo servir de preparo para uma tentativa de derrubada do governo anti-imperialista dos Houthi e instauração de um regime lacaio ao Estados Unidos.

A forma inicial poderia ser o chamado “Conselho de Segurança Presidencial”, um gabinete controlado por facções pró-emirados e pró- sauditas que, desde 2022, lidera o país. Esse conselho foi criado depois que o ex-presidente do Iêmen Abdrabbuh Mansur Hadi, que fugiu do País em 2014 em meio a ofensiva Houthi, passou seus poderes ao órgão. Antes de 2022 e depois da fuga, Hadi dividia o poder com o chamado “Conselho Transitório do Sul” – órgão criado em 2015 pelos ianques, mas cuja dominação norte-americana é disfarçada pela coalizão “liderada pela Arábia Saudita”. 

Números

Os números fornecidos por Sager podem ser superestimados e, mesmo sendo reais, são menores que os números do Ansarallah. A maior parte das Forças Armadas do Iêmen, hoje, estão sob controle do Ansarallah, segundo uma reportagem do jornalista Robert Inkalesh publicada no dia 18/04. O movimento anti-imperialista que governa a capital e opera como um Poder de Estado também tem uma forte capacidade de mobilização: a cada sexta-feira, o movimento Ansarallah leva ao menos 1 milhão de massas para as ruas da capital em protestos pró-Palestina. 

Ansarallah do Iêmen lança ataques com drones e mísseis contra alvos dos EUA e de Israel – A Nova Democracia
Saree enfatizou que os ataques com mísseis faziam parte dos esforços contínuos do Ansarallah para resistir à agressão liderada pelos EUA e apoiar a causa palestina, especialmente à luz do bombardeio contínuo de Israel em Gaza.
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Esse apoio ao Ansarallah é firme desde os tempos da guerra civil, quando o movimento cresceu ao confrontar o regime corrupto e serviçal de Hadi. Mas, desde o 7 de outubro de 2023 e a efervescência da luta anti-imperialista no Oriente Médio, a capacidade de mobilização do povo iêmenita pelo movimento Ansarallah cresceu muito. 

Por outro lado, os governos da Arábia Saudita e dos EAU sofrem de uma grande instabilidade por conta do apoio do povo desses países à Palestina e rechaço à relação de seus próprios governos com o EUA e Israel. Em agosto de 2024, o príncipe da Arábia Saudita afirmou estar com medo de ser assassinado por conta das relações com Israel e o EUA. 

Essas fraquezas só tendem a aumentar com o apoio descabido a uma invasão ao Iêmen. Ainda mais quando ela é tão descaradamente alinhada com os crimes do imperialismo norte-americano. O bombardeio ianque no Porto de Hodeidah nesta quinta-feira deixou um alto número de mortos e feridos, a maioria deles trabalhadores do porto e socorristas. O número de vítimas poderia ser ainda maior se não fosse o sistema de defesa iemenita, que abateu um drone estadunidense que procurava atacar a população da capital Sanaa. 

Dois milhões de israelenses procuram abrigo enquanto o Iêmen dispara mísseis – A Nova Democracia
Mais de dois milhões de israelenses se abrigaram depois que mísseis foram lançados do Iêmen, enquanto o Ansarallah promete ação contínua em apoio à Palestina.
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Resistência indomável

A Resistência Palestina se solidarizou com o povo do Iêmen. Em nota, o partido Hamas disse que “a agressão do EUA contra o povo iemenita é uma extensão da guerra de extermínio que está sendo travada contra nosso povo palestino na Faixa de Gaza”. “O Hamas expressa sua total solidariedade com o povo iemenita irmão”. 

Já o povo do Iêmen respondeu o ataque quase imediatamente com um potente disparo de mísseis direcionados ao território ocupado por Israel. Imagens mostram policiais sionistas se encolhendo de medo dos bombardeios que deixaram vários colonos feridos. Os mísseis atingiram Tel Aviv e Jerusalém. As Forças de Ocupação israelenses só conseguiram interceptar um míssil. 

Policiais israelenses se encolhem diante de míssil balístico do Ansarallah

Em pronunciamento oficial, o Ansarallah afirmou que foi realizada “uma operação militar nas proximidades do Aeroporto Ben Gurion com míssil balístico. O inimigo não obteve nada além de derrotas e seu porta-aviões não conseguiu o que os porta-aviões anteriores não conseguiram. Abatemos um drone americano enquanto ele realizava ações hostis no espaço aéreo da província de Sanaa”.

Os EUA já enviaram seis porta-aviões para atacar o povo iemenita pelas suas incontáveis demonstrações de solidariedade ao povo palestino em luta. Em resposta, o porta-voz oficial do Ansar Allah, Yahya Saree, afirmou que as agressões imperialistas não intimidam o movimento: “O aumento militar americano e a agressão contínua contra o nosso país só levarão a mais operações de contra-ataque e ataque, choques e confrontos”. 
Nas últimas semanas o monopólio de imprensa ianque New York Times publicou uma análise em que aponta que a campanha de solidariedade iemenita está provocando os EUA a desviar seus recursos do Pacífico para o Mar Vermelho.

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