Memorial em homenagem ao general Qassem Soleimani no aeroporto de Bagdá, onde ocorreu ocorreu o ataque orquestrado pelo USA. Foto: Sergey Ponomarev / The New York Times
No dia 29 de junho, o Irã emitiu um mandado de prisão contra o presidente do Estados Unidos (USA), Donald Trump, e outros 35 agentes do imperialismo ianque por serem responsáveis pelo ataque de drones que executou o general Qassem Soleimani, comandante da Força Al Quds, unidade especial da “Guarda Revolucionária” do Irã, e outros militares, como o chefe da milícia iraquiana Forças de Mobilização Popular, no aeroporto de Bagdá, capital do Iraque, no dia 3 de janeiro.
Embora tenha apenas uma função política e não efetiva, o Irã emitiu também pedido de auxílio para a Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) na busca e prisão dos elementos, por “acusações de assassinato e terrorismo”. Tanto o Irã quanto o USA fazem parte da lista de membros organização policial de âmbito internacional.
Como veiculado pela Agência Oficial de Notícias da República Islâmica (Isna), o promotor iraniano que emitiu os mandados, Ali Alqasimehr, afirmou que “36 pessoas envolvidas no assassinato do Hajj Qassem foram identificadas, incluindo oficiais políticos e militares do USA e de outros governos, que foram ordenadas pelo Judiciário a receber um alerta vermelho à Interpol”.
Nenhuma informação explícita sobre as outras pessoas indiciadas pelo Irã estava disponível de imediato nos documentos divulgados ou nas coletivas de imprensa realizadas.
O alerta vermelho da Interpol não significa que os países que compõem a organização são obrigados a prender ou extraditar os suspeitos, mas pode, por exemplo, limitar as viagens dos acusados e levar à notificação dos líderes do governo que solicitou o alerta sobre o paradeiro deles.
O Irã também declarou que o espião que forneceu informações sobre o paradeiro de Soleimani aos serviços de inteligência do imperialismo ianque e de Israel foi identificado e condenado à morte. “Mahmoud Mousavi-Majd, um dos espiões da CIA e do Mossad, foi condenado à morte. Ele deu o paradeiro do mártir Soleimani aos nossos inimigos”, declarou o porta-voz Gholamhossein Esmaili, pela primeira vez trazendo à imprensa a identidade do iraniano condenado.
RESPOSTA SIMBÓLICA ÀS AGRESSÕES IANQUES
A decisão sobre os mandados de prisão trata-se de uma resposta simbólica aos repetidos ataques do imperialismo ianque à soberania nacional iraniana e de nações tais quais o Iraque, onde ocorreu o ataque que matou o general Soleimani a mando do USA.
No entanto, ela não exprime qualquer ilusão de que entidades como a Interpol possam vir a intervir pela punição das agressões cometidas pelo imperialismo ianque. São ações diversas, por exemplo, das respostas militares do Irã e das milícias xiitas apoiadas pelo Irã às forças da ocupação ianque na região que, essas sim, trazem consequências diretas ao USA e seus lacaios, que já foram forçados a evacuar diversas bases no Iraque esse ano por conta de ataques de foguetes.
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Também não é a primeira vez que o Irã toma uma atitude desse tipo. Em janeiro, dias depois do atentado que executou Soleimani, o Parlamento iraniano aprovou por unanimidade um projeto de lei que designou todas as forças do imperialismo ianque no Oriente Médio como terroristas, por exemplo.
“Qualquer auxílio a essas forças, incluindo militar, inteligência, financeiro, técnico, serviço ou logística, será considerado como cooperação em um ato terrorista”, afirma o projeto.
Algo similar ocorreu também quando, em abril de 2019, o Irã classificou o Comando Central (Centcom) ianque como uma organização terrorista, em sequência à decisão do imperialismo ianque de adicionar a “Guarda Revolucionária do Irã” à sua própria lista de organizações terroristas internacionais.
O Centcom, um dos comandos unificados regionais do USA, é responsável pelas operações militares ianques na região que inclui desde o Egito até a Ásia Central, abrangendo todo o Oriente Médio Ampliado e operações como toda a guerra de agressão imperialista ao Afeganistão.