Manifestantes constroem barricadas no centro da cidade de Isfahan. Foto: AFP
Grandes protestos foram deflagrados em todo o Irã, após o velho Estado anunciar, no dia 15 de novembro, aumento em pelo menos 50% no preço da gasolina. Este fato, somado à profunda crise econômica causada, entre outros motivos, pelas sanções econômicas impostas pelo USA, despertou a rebelião das massas que, em resposta, saiu às ruas, bloqueando estradas e destruindo edifícios oficiais do Estado.
De acordo com as “autoridades” iranianas, 140 prédios do governo, 731 bancos, mais de 50 bases policiais e militares, 183 carros da polícia e aproximadamente 70 postos de gasolina foram incendiados durante os protestos. Essas notícias só vêm à tona agora, devido ao corte da internet no país provocado pelo governo burguês-latifundiário iraniano, como tentativa de frear os protestos.
Manifestantes queimam banco durante protestos combativos. Foto: Nazanin Tabatabaee, West Asia News Agency, via Reuters
Os protestos eclodiram em 29 das 31 províncias iranianas, e a imprensa oficial do Irã informou que vários membros das forças de repressão foram mortos e feridos durante os confrontos. Ao todo, entre 180 a 450 manifestantes foram mortos em quatro dias após o anúncio do aumento dos preços, com pelo menos 2 mil feridos e 7 mil detidos, de acordo com entidades internacionais e jornalistas locais.
Com cerca de 200 mil pessoas protestando, estes são provavelmente os maiores protestos no Irã desde a derrubada do monarca Mohammad Reza Pahlavi em 1979.
Detalhes sobre o que aconteceu exatamente durante esses protestos recentes são escassos. Provas em vídeo e depoimentos de testemunhas apontam para o uso generalizado de armas de fogo disparadas contra manifestantes, bem como o uso da polícia de choque para espancar as massas. Enquanto o “líder supremo” iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, acusa todos manifestantes como criminosos e agentes do USA, Arábia Saudita e Israel, um relatório apresentado ao parlamento iraniano diz que a maioria dos manifestantes sob custódia eram pobres ou desempregados.
Manifestantes explodem um posto de gasolina diante da alta nos preços do combustível. Foto: Ebrahim Noroozi/Associated Press
Interferência imperialista
Apesar da tentativa de generalizar todos os manifestantes, o país imperialista realmente tenta insuflar a instabilidade no Irã, e não seria a primeira vez que os ianques tentam interferir no país. Como citado no portal de jornalismo revolucionário Incendiary News, em 1953 a CIA ajudou a orquestrar um golpe contra o primeiro-ministro iraniano Mohammad Mosaddegh em favor do regime monárquico de Mohammad Reza Pahlavi.
Já em 1983, a CIA passou uma lista de “colaboradores” soviéticos para o governo Ruhollah Khomeini, resultando na dissolução do partido “comunista” revisionista iraniano, e a expulsão dos diplomatas soviéticos.
Em 2000, a CIA forneceu dissimuladamente ao Irã planos errôneos para uma ogiva nuclear, em um esforço para atrasar seu programa nuclear e justificar qualquer possível ação militar que pudesse acontecer no futuro.
As sanções do USA só pioraram o aprofundamento da crise econômica no Irã. Em maio de 2018, o presidente do USA Donald Trump, indo contra as políticas internacionais previamente estabelecidas, retirou-se de um acordo com o Irã que havia barrado seu desenvolvimento de armas nucleares. Na sequência desta retirada veio uma nova política em novembro desse ano de “pressão máxima” através de tarifas avassaladoras destinadas a esmagar a economia do Irão e a sua dependência das exportações de petróleo.