Irlanda: Polícia invade casas de republicanos e detém dois ativistas

Republicanos protestam em frente ao GPO. Foto: AIA
Ativistas do AIA foram alvos das batidas. Foto: AIA
Republicanos protestam em frente ao GPO. Foto: AIA

Irlanda: Polícia invade casas de republicanos e detém dois ativistas

No dia 10 de abril, policiais invadiram as casas de diversos ativistas da Ação Anti-Imperialista Irlanda (AIA, em inglês). Os militares levaram ativistas para a delegacia e apreenderam um carro, notebooks, livros de literatura política, celulares e outros aparelhos eletrônicos. As batidas arbitrárias ocorreram dentro do cenário grave de militarização e policiamento ostensivo nas ruas da Irlanda, intensificados após marchas e ações realizadas pelos republicanos contra o imperialismo britânico e a visita de Joseph Biden à Irlanda. 

Segundo informações da AIA, os policiais invadiram as casas armados e apreenderam e destruíram pertences dos ativistas e familiares. Em uma das batidas, a esposa de um ativista também foi levada para a delegacia. Até a última informação publicizada pelo AIA em suas redes sociais, às 10h08 do dia 12/04, dois ativistas ainda estavam detidos. 

“URGENTE – Repressão do Estado. Na segunda, dia 10 de abril de 2023, coincidindo com o 25° aniversário da assinatura do GFA [Acordo da Sexta-feira Santa], forças do Estado Livre foram até as casas de ativistas da Ação Anti Imperialista em uma série de batidas coordenadas”.

Invasões com reforço imperialista

A recente repressão ao AIA é mais um caso na lista de ações de monitoramento, invasões de casa e patrulhamento ostensivo realizadas pela polícia britânica e tropas imperialistas nas ruas da Irlanda nas últimas semanas. Desde o fim de março, republicanos irlandeses de diversas organizações têm tido suas casas invadidas e revistadas por agentes do Serviço Policial da Irlanda do Norte (PSNI) auxiliados por militares do Exército Britânico. 

As batidas ocorreram nas regiões de Derry, Tyrone e Belfast. Os republicanos relatam que as casas foram invadidas e reviradas por policiais enquanto militares britânicos, mascarados e fortemente armados, patrulhavam as ruas. Em uma das invasões, a polícia serrou a porta da casa de um republicano com uma serra elétrica e o espancou, antes de levá-lo detido. Durante as operações imperialistas, as casas dos republicanos foram registradas como “cenas de crime” e todos os familiares foram forçados a abandonar os prédios. Diversos ativistas relatam terem sido levados ao Centro de Interrogatório de Musgrave, em Belfast.

Policiais e militares imperialistas usaram armamento pesado durantes as batidas. Foto: Saoradh
Policiais e militares imperialistas usaram armamento pesado durantes as batidas. Foto: Saoradh
Operações de batidas policiais em casas de republicanos. Foto: Saoradh
Operações de batidas policiais em casas de republicanos. Foto: Saoradh
Operações de batidas policiais em casas de republicanos. Foto: Saoradh
Operações de batidas policiais em casas de republicanos. Foto: Saoradh
Operações de batidas policiais em casas de republicanos. Foto: Saoradh

Além das invasões de casa e do uso direto de tropas imperialistas na repressão, o imperialismo britânico e seus lacaios aumentaram o efetivo policial e a vigilância pelo país, temerosos com o avanço da Resistência Nacional. Ao menos 330 policiais foram mobilizados de diferentes países do Reino Unido para a Irlanda. Segundo avisos da própria polícia irlandesa, drones seriam usados para patrulhamento aéreo. 

Todo esse processo desesperado de militarização e repressão aos republicanos irlandeses ocorre como uma falha tentativa de represália e contenção à Resistência Nacional Irlandesa, que tem realizado sucessivas ações desde o ano passado e durante o mês de abril, quando é celebrado o Levante de Páscoa de 1916. A rebelião de 1916 é celebrada anualmente com marchas públicas e ataques a símbolos da ocupação britânica ou às forças policiais lacaias da Irlanda.

Republicanos não se intimidam

Republicanos protestam em frente ao GPO. Foto: AIA
Republicanos protestam em frente ao GPO. Foto: AIA
Republicanos protestam em frente ao Parque Phoenix. Foto: AIA
Republicanos protestam em frente ao Parque Phoenix. Foto: AIA

Somente nas últimas semanas, ao menos duas marchas republicanas ocorreram na Irlanda, nas cidades de Dublin e Derry. Nesta última, aproximadamente mil pessoas compareceram no protesto, que ocorreu mesmo sem a permissão da polícia. Durante a marcha, que ocorreu as vésperas da chegada do cabecilha do imperialismo ianque Joseph Biden à Irlanda, uma viatura foi alvejada por dezenas de coquetéis molotov arremessados por jovens republicanos. 

Nos dias 12/04 e 13/04, ativistas do AIA participaram e organizaram protestos contra a presença de Biden na Irlanda. As manifestações ocorreram em frente à General Post Office, prédio que foi o quartel dos combatentes do Exército Irlandês durante o Levante de Páscoa, e em frente o Parque Phoenix, onde Biden se encontrou com políticos reacionários do Estado irlandês. Apesar das revistas arbitrárias da polícia, os republicanos mantiveram-se altivos, denunciaram a atuação do imperialismo ianque por meio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e ergueram bandeiras com símbolos da Resistência Nacional Irlandesa.

Policiais revistaram ativistas republicanos durante protesto. Foto: AIA
Ao menos trinta policiais foram mobilizados para reprimir o protesto. Foto: AIA
Policiais revistas ativistas durante protesto. Foto: AIA

Ainda nos últimos dias, o Exército Republicano Irlandês (IRA, sigla em inglês) enviou uma declaração ao jornal The Irish News. No documento, o IRA afirmou que “continua a recrutar, treinar” e que consolidou a sua base e estendeu as ligações internacionais. A organização declarou ainda que segue a “alvejar as forças da ocupação” e que seus combatentes não serão “encontrados por desejar quando se trata de travar a luta”. 

Sobre os recentes desenvolvimentos da luta armada no país, o IRA afirmou que vai “continuar a obter e desenvolver os melhores armamentos” para que possam “persistir nessa luta vigorosamente e energicamente”. A organização afirmou ainda que tem cumprido seus objetivos “com um número de ações bem-sucedidas realizadas recentemente”. Há menos de dois meses, o IRA reivindicou o ataque a tiros de arma de fogo realizado contra um detetive sênior do PSNI. A recente declaração foi assinada por T.O.’Neill, mesmo nome assinado na declaração de autoria do ataque de março e na declaração de ano novo da organização republicana

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: