Irlanda: Revolucionários irlandeses celebram o Levante de Páscoa

Irlanda: Revolucionários irlandeses celebram o Levante de Páscoa

Marcha da Ação Anti-imperialista – Irlanda (AAI) em comemoração do Levante de Páscoa. Foto: Ação Anti-imperialista – Irlanda (AAI).

No domingo de Páscoa, dia 17 de abril, dezenas de republicanos socialistas revolucionários dos 32 condados da Irlanda reuniram-se em Glasnevin, Dublin, para o evento anual da organização Ação Anti-imperialista – Irlanda (AAI) em comemoração ao Levante de Páscoa.

A marcha neste ano demarcou principalmente a oposição dos militantes irlandeses à guerra imperialista e a ameaça da integração da Irlanda à OTAN, colocando, assim, o povo irlandês como bucha de canhão à serviço dos interesses imperialistas. A marcha se posicionou contrário à integração do país aos interesses militares da União Europeia (UE) e do imperialismo norte-americano (USA). Dessa forma, destacou-se a necessidade de uma Frente Única de todos os progressistas e democratas contra essas imposições contra a Irlanda.

À frente da marcha havia uma faixa que declarava: Não à OTAN! e a frase de James Connolly, histórico dirigente socialista republicano: Não servimos a nenhum Rei ou Kaiser, mas à Irlanda!. Ela rumou ao Cemitério de Glasnevin, onde diversas lideranças do levante de páscoa estavam enterradas.

Os revolucionários também prestaram solidariedade internacional às lutas de libertação nacional na Palestina e no País Basco, ao Movimento Comunista Internacional (MCI) e às guerras populares em curso no Peru, Índia, Turquia e Filipinas e as que estão por iniciar em mais países.

Um helicóptero da polícia irlandesa sobrevoou a manifestação durante todo o percurso da atividade, assim como agentes disfarçados armados foram colocados no local. A AAI foi resoluta e denunciou a repressão afirmando o seguinte: “Não seremos intimidados em nossas metas e objetivos revolucionários e apelamos novamente a todos os que acreditam na luta pela Libertação Nacional e Revolução Socialista que se juntem a nós e desempenhem seu papel na reconstrução da República Popular de Toda Irlanda, proclamada em 1916!”.

Juventude combatente irlandesa enfrenta a repressão policial

Juventude irlandesa atira bomba molotov contra carro da polícia. Foto: Reprodução.

A juventude combatente irlandesa atirou bombas de coquetel molotov contra veículos da polícia da Irlanda do Norte no dia 18/04 após a polícia tentar dispersar uma grande marcha em homenagem ao Levante de Páscoa irlandês na cidade de Derry, na Irlanda do Norte. Além disso, republicanos socialistas realizaram uma combativa marcha na cidade de Dublin na ocasião da data, durante o dia 17/04.

Na repressão da polícia colonial britânica à marcha em Derry, sete pessoas foram presas sob a “Lei do Terrorismo” e outra foi presa por “comportamento desordeiro”.

A luta pela libertação nacional irlandesa

O evento conhecido como “segunda-feira de Páscoa” acontece em uma data histórica para os irlandeses, quando prestam suas homenagens ao Levante de Páscoa. O levante de páscoa foi uma rebelião armada durante a Semana da Páscoa em abril de 1916. Nele, massas de operários e revolucionários antiimperialistas e socialistas lutaram contra o domínio colonial britânico na Irlanda, brigando por estabelecer uma República Irlandesa independente. Foi a maior rebelião na Irlanda desde a rebelião de 1798 e o primeiro conflito armado de todo o subsequente período revolucionário irlandês. Dezesseis dos líderes do levante foram executados a partir de maio de 1916, incluindo James Connolly, grande republicano socialista e liderança das massas que lutaram no levante, um dos fundadores do Exército Cidadão Irlandês. 

A Nação irlandesa trava uma heróica luta por sua libertação do jugo britânico desde pelo menos o século XV. Durante séculos foram travadas grandes batalhas pela sua libertação completa, como a Rebelião da Páscoa (1916), a Guerra de Independência Irlandesa (1919-1921) – na qual a Nação foi divida entre “Irlanda” e “Irlanda do Norte” (esta última ainda colônia inglesa) –, a Guerra Civil Irlandesa (1922-1923), em que as forças revolucionárias lutavam pela independência total da Irlanda e levantavam alto o legado da Rebelião da Páscoa; e, nas décadas subsequentes, a luta por libertação nacional da Irlanda do Norte continuaria sendo encabeçada por organizações de luta armada como o Exército Republicano Irlandês (IRA), com a situação de opressão nacional se aprofundando e eclodindo nos anos 60/70, quando ocorre o Domingo Sangrento, dando início a um período de intensa atividade revolucionária, que durou cerca de 30 anos e que a historiografia reacionária chama de “Os problemas”. Nessas três décadas, a Irlanda do Norte foi colocada sob administração direta da Inglaterra, escancarando a condição de subjugação nacional.

Até hoje a Irlanda ainda não conquistou sua libertação nacional, e seu povo carrega consigo um grandioso legado ainda presente.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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