A estória de “40 bebês decapitados” pelo grupo patriótico palestino Hamas já estava escancarada como farsa quando o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu voltou a tocar no assunto, no dia 12 de outubro. O retorno ao tópico ocorreu pela postagem de uma foto de bebês mortos no X (antigo twitter), sem nenhuma evidência do local ou momento em que foi produzida, ou da suposta autoria do feito. A mentira logo retomou as páginas dos monopólio de imprensa. E as farsas de Netanyahu não pararam por aí. Um dia depois, o primeiro-ministro sionista mentiu descaradamente para tentar ocultar os crimes de seu próprio Exército na Palestina e no Sul do Líbano.
Bastou a divulgação da imagem para que os monopólios de imprensa internacionais retomassem, a todo vapor, a propaganda acerca da “grande possibilidade” do ocorrido. Não é de surpreender. Desde o início, a trama dos bebês foi costurada a quatro mãos pelos sionistas e meios de comunicação monopolistas.
Mentiristas
Primeiro, a “mentirista” de um jornalão israelense, Nicole Zedeck, afirmou que soldados das Forças de Defesa de Israel (FDI) haviam confirmado a existência dos cadáveres. Depois, a colega de profissão Margot Haddad, do canal francês LCI, elevou as calúnias e afirmou ter visto as fotos. Por fim, coube ao monopólio de imprensa CNN repercutir novamente a confirmação das FDI. Segundo o correspondente Nic Robertson, o major-general Itai Veruv confirmou os relatos. O governo de Netanyahu confirmou a mesma história ao mesmo jornal. Até mesmo o cabecilha ianque, Joseph Biden, entrou na história. “Nunca pensei realmente que veria, e teria confirmado, fotos de terroristas decapitando crianças”, disse.
No Brasil, a história também ganhou passe livre. Aqui, um jornalista chegou a afirmar que, mesmo sem provas, “partia do princípio” de que as imagens eram verdadeiras. Tudo baseado em uma suposta “natureza” dos grupos de resistência, ancorada no racismo e no chauvinismo como recurso político para a defesa política do genocídio praticado pelo estado de Israel.
Ora, a morte mais concreta e comprovada, aqui, foi a da apuração jornalística, e a da verificação dos fatos a serem noticiados. Os responsáveis pela morte, todos jornalistas de renomados monopólios, atuaram ainda como cúmplices da escalada do massacre sionista contra os palestinos, justificada sob os supostos “horrores” dos mujahideen.
Tal recurso, por sua vez, foi a tentativa desesperada por parte de sionistas, imperialistas e seus bajuladores de esconder a contundente derrota militar e política sofrida pela autodeclarada potência militar sionista de Netanyahu.
Desmoronamento
A estória não tardou a desmoronar. Na rede social X, a jornalista israelense Oren Ziv escreveu que “estou recebendo muitas perguntas sobre os relatos de ‘bebês decapitados pelo Hamas’ publicados após a imprensa visitar o vilarejo. Durante nossa visita, não vimos qualquer evidência disso; comandante e o porta-voz do exército tampouco mencionaram tais incidentes”.
A FDI declarou em seguida que não confirmava a versão espalhada pelo major-general Veruv. Outros dois major-generais da força sionista entrevistados pela CNN não deram indicação sobre a veracidade. Por fim, até mesmo a Casa Branca teve que se retratar, por meio de um funcionário que esclareceu que o cabecilha ianque não havia visto as fotos, mas que só ficou sabendo do suposto ocorrido pela imprensa e pelas “autoridades” israelenses.
Jornais ianques como o Washington Post e o LA Times, que haviam divulgado com euforia o primeiro pronunciamento de Biden, tiveram também que voltar atrás. No caso da CNN, a repórter Sara Sidner, que divulgou a confirmação de Netanyahu acerca dos bebês, pediu desculpas publicamente pela difusão de mentiras.
O Hamas condenou “difusão de propaganda da ocupação israelense, repleta de mentiras e fabricações, como tentativa de encobrir crimes e massacres realizados 24 horas por dia — dentre os quais, crimes de guerra e genocídio” e apelou para mais profissionalismo no monopólio de imprensa. “À luz das falsas alegações que estão a ser divulgadas pelos meios de comunicação ocidentais, apelamos aos meios de comunicação ocidentais para que verifiquem os factos antes de divulgarem informações erradas e notícias falsas provenientes de fontes da ocupação fascista israelita”, declarou o membro do Birô Político do Hamas, Ezzat al-Riqesh.
Netanyahu volta a mentir
Por mais absurdo que seja, a mentirada sionista não parou por aí. No dia 13/10, Netanyahu afirmou que as acusações de uso de fósforo branco, arma química extremamente incendiária e letal, por parte de Israel contra o Sul do Líbano e a Faixa de Gaza eram “inequivocadamente falsas”.
Acontece que, diferente da estória das decapitações, o uso de fósforo branco por Israel foi gravado, fotografado, autenticado e comprovado. Não bastasse os milhares de palestinos e os libaneses de testemunha, a ONG Human Rights Watch confirmou, junto a especialistas, o uso da substância pelos sionistas contra ambos os territórios. A Anistia Internacional também verificou que o Exército sionista portava fósforo branco entre as suas unidades.