Bombardeios israelenses atingem prédios na Cidade de Gaza, na Faixa de Gaza, 17/06/2021. Foto: Mahmud Hams/AFP
No dia 1º de julho, Israel voltou a bombardear a Faixa de Gaza. Foi a terceira onda de ataques aéreos contra o território palestino desde que a potência ocupante firmou um “cessar-fogo” em maio com as forças da Resistência Nacional de Gaza.
Menos de 48 horas depois da formação do novo governo israelense, agora encabeçado pelo reacionário Naftali Bennet, as forças da ocupação israelense realizaram uma série de ataques aéreos contra Gaza nos dias 16 e 17 de junho. Os ataques ocorreram após balões incendiários lançados pelas forças da Resistência a partir de Gaza adentrarem o território israelense.
Há uma ofensiva generalizada contra o povo palestino se intensificando em todo o território palestino ocupado. No mês de maio, 34 palestinos foram mortos na Cisjordânia por militares israelenses, totalizando o maior número mensal em uma década.
Após o cessar-fogo teve início uma onda de prisões de palestinos nos territórios ocupados. São tantos presos políticos que os advogados em Jerusalém sequer conseguem acompanhar a campanha de encarceramento em massa. Está circulando uma chamada para que os advogados sejam voluntários e forneçam apoio jurídico pro bono para os presos.
Desde abril, as autoridades israelenses detiveram mais de 2 mil palestinos na Palestina ocupada, dos quais um quarto é composto por menores de idade. Os advogados relatam ter esperado longas horas até serem autorizados a falar com seus clientes, incluindo os menores.
As “autoridades” israelenses libertaram alguns dos jovens palestinos presos aleatoriamente sob condições repressivas: banimento entre 2 semanas a 6 meses, prisão domiciliar, fiança de até 7,7 mil dólares.
O Comitê de Emergência Árabe, que foi formado após os protestos no início de maio, afirma ter documentado que, além da prisão de 1.700 palestinos que possuem cidadania israelense, houve pelo menos 300 casos de agressão relacionados. Cerca de 100 cidadãos palestinos de Israel foram presos diariamente desde o início da campanha, segundo o comitê.
As prisões fazem parte da campanha de prisão em massa da polícia israelense, chamada “Lei e Ordem”, que começou em 24 de maio, após duas semanas de protestos contra as políticas de assentamentos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, e o bombardeio da Faixa de Gaza.
Em um comunicado na noite de domingo, a polícia israelense afirmou que cerca de 1.550 pessoas já foram presas desde 09/05 e que a campanha é uma “continuação” que visa “processar” manifestantes que participaram dos protestos contra a ocupação nos últimos meses, em especial os levantes de maio e junho.
NOVO GOVERNO, MESMO COLONIALISMO
No início do seu “novo” governo, Bennet já provou que pouco tem de diferente em relação ao governo anterior, a despeito da participação de membros de etnia árabe em sua coalizão. Em meados de junho, aprovou que uma marcha de extrema-direita fosse realizada no dia 15/06 na Jerusalém Oriental ocupada, próximo ao Portão de Damasco, que leva à Cidade Velha, local de grande importância para o povo palestino. Mais de mil israelenses participaram, hasteando bandeiras de Israel e gritando “Morte aos árabes”. A chamada “Marcha da Bandeira” celebra o início da ocupação da parte oriental de Jerusalém por Israel em 1967.
Antes da marcha dos colonos sequer começar, as forças sionistas prenderam palestinos, e vídeos publicados na internet mostram agentes espancando um palestino nas escadas do Portão de Damasco. Pelo menos 17 palestinos foram presos pelas forças israelenses e dezenas de outros foram atacados e removidos à força da praça do Portão de Damasco. Barreiras de metal foram impostas pela polícia israelense nas ruas que levam ao lugar, permitindo apenas a passagem de colonos e impedindo a de palestinos.
A organização Crescente Vermelho informou que 27 palestinos ficaram feridos durante confrontos com forças israelenses ao redor da Cidade Velha, dos quais três foram por conta de balas de aço revestido de borracha, um de ser espancado e outro, atingido por uma granada de som. Comerciantes que trabalhavam na região também foram espancados por militares israelenses.
Bennet, o substituto de Benjamin Netanyahu, que ocupou o cargo por 12 anos e atualmente enfrenta uma série de acusações criminais por corrupção, prova, uma vez mais, que o problema de Israel não é de governo ou conjuntura, mas nasce do cerne que é a sua estrutura colonial, da ocupação criminosa do território palestino.
O atual primeiro-ministro já participava em sua juventude de uma organização sionista religiosa, a Bnei Akiva, que defendia a expansão territorial de Israel, e em 1996, participou da ocupação israelense no Líbano. Em 18 de abril daquele ano, participou do Massacre de Qana, no Líbano, em que a sua unidade bombardeou um complexo das Nações Unidas que abrigava centenas de refugiados, matando 102 civis e 4 membros da ONU.
Mais recentemente e como político, em 2012 apresentou um projeto denominado “Iniciativa para a Estabilidade de Israel”, no qual defende a anexação imediata da Área C da Cisjordânia. Já em 2018, defendeu a anexação de todos os territórios palestinos e apoiou a aprovação da “Lei da Nação-Estado Nacional do Povo Judeu”, que estabelece uma diferença jurídica entre israelenses judeus e não judeus, legalizando o Apartheid.