Um dia depois de assassinar crianças, civis adultos e um comandante do Hezbollah em um bombardeio em Beirute, o Estado de Israel anunciou hoje (21) que fez novos ataques ao país levantino. Ao menos 30 pessoas foram assassinadas, dentre elas um comandante da Resistência Libanesa.
O primeiro-ministro do país agredido, Najib Mikati, cancelou a ida à Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, em decorrência do ataque, descritos como “contínuos atos de violência” do Estado sionista. Um sinal do aumento da crise política no Oriente Médio, fomentada pelo terrorismo israelense. “Não há outra prioridade no momento além de parar os massacres cometidos pelo inimigo israelense”, pontuou Mikati.
O bombardeio ocorre na esteira de outros crimes de guerra do Estado sionista no Líbano, dentre eles a explosão de pagers e walkie-talkies usados por civis e membros do Hezbollah. Esses ataques ocorreram em plena luz do dia e matou civis em ambientes como supermercados.
O nível de terrorismo empregado por Israel e a condenação por massas populares e organizações anti-imperialistas forçou o alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Türk, a reafirmar que o direito internacional proíbe o uso de dispositivos explosivos que aparentam inofensivos.
Hezbollah continua forte
Apesar dos golpes em várias posições e da perda de dois comandantes, o Hezbollah não foi grosseiramente abalado pelos ataques.
Em julho, o Hezbollah perdeu os importantes comandantes Mohammed Nimah Nasser e Fuad Shukr, mas conseguiu manter as respostas na fronteira sul do Líbano.
A Resistência Libanesa tem cerca de 150 mil combatentes na ativa e na reserva. O setor sul do Líbano é dividido pelo Hezbollah em três setores, cada qual com 2 a 3 batalhões compostos de 7 a 10 mil combatentes. Ao todo, é uma força que varia entre 60 e 80 mil combatentes já em combate.
Além disso, historicamente, sempre que o regime sionista aumentou a agressão contra o Líbano, o apoio ao Hezbollah cresceu. Foi assim nos tempos de formação do grupo (ainda como uma milícia), na década de 1980, e na guerra de 2006.
Não é diferente agora. Imediatamente após o ataque, o movimento Ansarallah, do Iêmen, afirmou que está pronto para enviar “centenas de milhares” de combatentes ao Líbano caso Israel escale as agressões. Outras organizações anti-imperialistas do Oriente Médio também declararam apoio e solidariedade, como os grupos palestinos.
Até mesmo o Estado do Líbano declarou que apoia a resposta do Hezbollah, em uma rara situação, visto que, geralmente o governo libanês é uma força que o Estados Unidos (EUA) conta para arrefecer o clima de tensão.
Israel quer forçar escalada regional; Hezbollah cairá?
O que o Estado sionista quer é atacar o Líbano de tal forma que force a Resistência Libanesa a responder com a declaração de guerra ou um ataque poderoso que pode ser usado pelos imperialistas e sionistas para responsabilizar os libaneses pelo início de uma guerra total.
Em outras palavras, o Estado sionista declarou guerra ao Líbano sem uma declaração oficial.
O Hezbollah, portanto, precisa dar uma resposta, mas sem cumprir o plano sionista.
A balança é sensível: quanto mais o Hezbollah atrasa a resposta, mais Israel é forçado a atacar o Líbano para conseguir a resposta que quer da Resistência. Por outro lado, o Hezbollah é pressionado, inclusive pela massa de apoiadores no povo libanês, a responder logo, demandando que o grupo dê sua resposta rápida e precisa.
Outros elementos
Outros elementos importantes são as forças anti-imperialistas no Oriente Médio e o Irã.
Uma resposta combinada de grupos da Resistência Palestina, Iemenita e Iraquiana é um elemento fundamental para cercar o Estado sionista e desbaratar suas forças militares em várias frentes.
Já o Irã ainda deve a resposta a Israel pelo assassinato de Ismail Haniyeh, líder do Hamas, em Teerã, e pelos ferimentos de seu embaixador em Beirute, no ataque dos pagers. É certo que o Irã atrasa a resposta com o argumento de que “a espera é parte do castigo”, mas postergar demais a retaliação pode afetar a credibilidade da República Islâmica.
Todos os caminhos levam à Palestina
No atual cenário, todas as possibilidades centrais – a resposta libanesa, o aumento do apoio iemenita ou mesmo uma resposta iraniana, tudo acompanhado da desmoralização de Israel –, combinadas ou não, favorecem à causa palestina por libertação.
Netanyahu migrou sua guerra para o Líbano porque quer desatar uma guerra regional que arraste o Estados Unidos e precisa disfarçar as derrotas colossais que teve na Faixa de Gaza. Mas no fim do dia, a vitória palestina acompanha seus batalhões para onde vão.