Instalação de enriquecimento de urânio Natanz, no Irã, após ter sido danificada por um incêndio, 02/07/2020. Foto: Organização de Energia Atômica do Irã / AP
No dia 5 de julho, o monopólio de imprensa The New York Times publicou que, segundo um oficial de uma agência de inteligência do Oriente Médio que não foi identificado, a explosão no complexo nuclear de Natanz, no Irã, no dia 2 de julho, foi causada por uma “poderosa bomba” plantada por Israel. A Organização de Energia Atômica iraniana comunicou que o incêndio iniciado em decorrência da explosão danificou um prédio usado para a produção de centrífugas de enriquecimento de urânio.
Um membro da chamada “Guarda Revolucionária Islâmica” do Irã já havia informado à imprensa que um explosivo tinha sido utilizado para iniciar o incêndio no complexo nuclear, mas não havia identificado responsáveis. O oficial de inteligência declarou também que Israel não estava ligado a outros incêndios que ocorreram no Irã na semana anterior ao de Natanz.
O porta-voz da agência atômica do Irã, Behrouz Kamalvandi, confirmou que o prédio danificado tratava-se de um centro de montagem de centrífugas, e que o dano “possivelmente causaria um atraso no desenvolvimento e produção de máquinas de centrífuga avançadas a médio prazo”.
O Irã usa as centrífugas de alta velocidade para processar e enriquecer o urânio, combustível das reações de fissão nuclear de usinas termonucleares, para produção de energia elétrica. Quanto mais avançadas as centrífugas (mais rápidas, com melhores peças), mais eficiente e mais rápido é o enriquecimento do urânio para ser usado como combustível, e o trabalho produzido na usina de Natanz visa ao desenvolvimento de centrífugas de maior qualidade.
CHEFE DO MOSSAD É ACUSADO PELO VAZAMENTO DE INFORMAÇÕES
Políticos israelenses acusam o chefe do Instituto para Informações e Operações Especiais (Mossad), o serviço secreto de inteligência israelense, Yossi Cohen, de ter vazado para a imprensa o papel de Israel na explosão em Natanz. “Um oficial de inteligência diz que Israel é responsável por uma explosão no Irã na quinta-feira. Todo o escalão de segurança do país sabe quem é”, declarou Avigdor Liberman, político israelense de extrema-direita, no dia 6/07. Liberman disse também que esperava “que o primeiro-ministro cale a boca [do vazador]”.
No entanto, a resposta do reacionário primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foi de estender o mandato de Cohen até junho de 2021, aumentando as suspeitas sobre sua responsabilidade na ação. O espião Cohen é famigerado como um homem de operações que supostamente fez o Mossad ganhar mais investimentos e crescer em funcionários, além de ter se concentrado em operações de espionagens, principalmente no Irã.
Em 2019, Cohen concedeu entrevista a uma revista israelense de extrema-direita e ultra-ortodoxa (corrente do judaísmo), em que proferiu ameaças contra militares de alto escalão do Irã e discutiu assassinatos de oficiais do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que governa a Faixa de Gaza, na Palestina.
Ainda no dia 5/07, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gabi Ashkenazi, em uma conferência de imprensa, declarou que “o Irã não pode ter capacidade nuclear” e que, para esse fim, é necessário que Israel tome “ações que são melhores que não sejam ditas”.
É sabido que o Estados Unidos (USA) e o principal representante de seus interesses na região, Israel, possuem um longo histórico de sabotagem contra o programa nuclear do Irã. Em 2018, por exemplo, agentes do Mossad, invadiram um armazém na capital iraniana, Teerã, e roubaram meia tonelada de registros secretos sobre o projeto nuclear do país, que foram entregues à Agência Internacional de Energia Atômica.
O temor do imperialismo ianque com relação à exploração de energia nuclear por parte do Irã levou a diversas sanções contra a nação persa e ao fatídico acordo nuclear de Teerã, assinado em conjunto pelo USA, Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia em 2015, que obrigou o Irã a limitar sua capacidade energética. O acordo foi abandonado pelo imperialismo ianque em 2018, o que levou o Irã a deixar de segui-lo também e a aprimorar sua exploração de energia termonuclear.