Dezenas de imigrantes que ocupavam uma importante praça, em Roma, entraram em confronto com a polícia italiana que movia uma violenta operação de despejo, no dia 24/08, em Roma.
Os manifestantes responderam à violenta operação policial com pedras, garrafas e outros instrumentos. Dois foram detidos e pelo menos 13 pessoas ficaram feridas, entre policiais.
Estes imigrantes ocupavam a praça Independência, próximo da principal estação ferroviária da capital italiana, desde o dia 19/08. Eles são remanescentes de uma outra reintegração contra um prédio que abrigavam mais de 800 imigrantes, muitos dos quais residiam desde 2013. Em uma das janelas, lia-se uma imensa placa: “Nós somos refugiados, não terroristas!”.
Colchões, fogões artesanais com botijões de gás e cadeiras de plástico faziam da praça a moradia momentânea destas dezenas de famílias expulsas do edifício ao lado.
Testemunhas afirmaram que, durante a operação, muitos imigrantes foram espancados por agentes das forças de repressão. Não foi fornecido tratamento médicos aos feridos, que foram socorridos por voluntários.
Os refugiados e imigrantes são principalmente africanos, a maioria da Etiópia. Uma mulher idosa chegou a desmaiar após ser atingida por um canhão d’água.
Desde 2012 a Europa vem recebendo fluxo intenso de imigrantes e refugiados, que são expulsos de suas terras pela fome, caos e destruição provocados pelas guerras desatadas pelas potências imperialistas, na África e Oriente Médio.
Violência e resistência
A prefeitura de Roma tentou justificar a operação violenta como “necessária”, pois os refugiados que ocupavam a praça não quiseram ser internados nos abrigos.
Entidades democráticas, no entanto, recordam que não há tratamento digno nem mesmo vaga para todos nos abrigos. Em virtude disso, muitas famílias recusam os abrigos porque acabam separadas em locais diferentes.
Os refugiados acabam sendo submetidos a tratamento desumano nos campos de refugiados e abrigos. Segundo denúncia da Anistia Internacional de novembro do ano passado, há relatos de agressões físicas e verbais, torturas com choques elétricos, humilhação sexual, expulsões ilegais e toda sorte de violência contra os refugiados.
Frente a toda essa situação, os refugiados não ficaram passivos à agressão policial. Muitos utilizaram os próprios botijões de gás para resistir. Outros utilizaram também gás de pimenta.
Este foi um dos episódios mais violentos envolvendo despejo de refugiados na Itália nos últimos anos.
Refugiados são atacados em praça, na capital da Itália. Houve resposta e confronto. Ao menos 13 pessoas ficaram feridas e dois foram detidos. Foto: Angelo Carconi/ANSA via AP