Manifestantes rechaçam nova lei reacionária. Foto: Giordano Pennisi
Na noite do dia 18 de dezembro, centenas de estudantes e trabalhadores tomaram as ruas de Roma, capital da Itália, rejeitando a nova Lei Orçamentária que estava sendo votada no Parlamento ao mesmo tempo. A Lei, responsável por estabelecer a destinação dos recursos do período de 2021-2023, coloca nas costas dos trabalhadores os prejuízos da crise geral do capitalismo, beneficiando a burguesia do país imperialista.
Centenas de pessoas, com a maioria de jovens, se reuniram em frente ao Ministério da Educação, exigindo alocação de recursos para as escolas e universidades. Eles carregavam faixas e cartazes denunciando o governo reacionário e seguravam sinalizadores. Quando eles seguiram ao Panteão, buscando cercar o Montecitório (local da sede da Câmara dos Deputados), a polícia blindada e a tropa de choque fizeram uma barreira bloqueando a passagem.
Os manifestantes então foram até o Ministério da Saúde. Lá, palavras de ordem foram entoadas, exigindo para que os investimentos fossem destinado à saúde do povo, assim como para transporte, educação, moradia e renda mínima garantida pelo Estado durante a crise econômica e sanitária, agudizadas pela Covid-19. Ao final do ato, os manifestantes bloquearam o Largo di Torre Argentina.
Pela manhã do mesmo dia, estudantes no bairro Pietralata também haviam ocupado uma escola em protesto contra os planos das “autoridades” de transformar o prédio escolar em uma delegacia policial. Em um cartaz colado nas janelas da escola, lia-se Quais as prioridades na pandemia? Nós pedimos escolas e eles nos dão polícia! O prédio havia sido abandonado em 2016 e desde então ignorado pelo Estado, apesar da carência de espaços escolares em decorrência das limitações impostas pela pandemia atualmente.
Nova Lei Orçamentária escancara contradições de classe
No dia 15/12, Domenico Guzzini, presidente da Confindustria (a Confederação Geral da Indústria Italiana) de Macerata, falou durante uma conferência online sobre moda: “Temos que reabrir [a indústria]: mesmo que morra alguém, não importa.”
Apesar do fato ter sido noticiado com repúdio e como um fato isolado pela grande mídia italiana, a burguesia encara a situação nacional da mesma forma. No projeto de Lei aprovado no dia 18/12, nota-se uma imensa deficiência de recursos voltado aos trabalhadores, seja na saúde, educação ou de assistência de renda.
A Lei, na maioria de suas emendas, segue o mesmo caminho tomado pelo governo reacionário desde o início da pandemia. Isto é: tentar contornar o prejuízo econômico das grandes empresas ao custo do suor e do sangue da classe trabalhadora italiana. Tal medida já custou a vida de quase 70 mil pessoas, com o número de contágios agravado pela continuação do trabalho nas fábricas.