Itália: Um milhão de trabalhadores se levantam em enorme Greve Geral

Itália: Um milhão de trabalhadores se levantam em enorme Greve Geral

Um milhão de operários e trabalhadores italianos, dos mais diferentes setores, realizaram uma greve geral nacional no dia 11 de outubro. Os grevistas são contrários às demissões em massa, ao aumento do custo de vida e à retirada de direitos trabalhistas durante a atual crise que a Itália enfrenta. A greve geral ocorreu em Nápoles, Piacenza, Roma, Milão, Gênova, Torino e muitas outras cidades, além da região da Sicília.

É estimado que, do um milhão que participou da greve, cerca de 100 mil tenham ido para as ruas se manifestar. A Itália conta com uma população de 60 milhões de pessoas.

O país europeu foi afetado pela crise de superprodução desatada no contexto da pandemia de Covid-19. À semelhança de outros outros países, a crise foi acompanhada de maior repressão à organização dos trabalhadores.

Dois mil trabalhadores em Piacenza bloqueiam armazém da Amazon

Cerca de 2 mil trabalhadores realizaram uma manifestação e bloquearam o armazém da Amazon em Castel San Giovanni, na província de Piacenza. Trabalhadores de todo o norte da Itália participam da greve contra a empresa norte-americana.

Durante todo o bloqueio, os trabalhadores da Amazon denunciaram as condições precárias e de superexploração impostas na fábrica, como os contratos temporários realizados por agências terceirizadas que não excedem seis meses. Os operários denunciam que esses contratos são utilizados como arma de chantagem por parte dos empregadores caso algum trabalhador tente lutar por melhores condições de trabalho.

Os trabalhadores do armazém da rede de supermercados Unes participaram do bloqueio em solidariedade aos trabalhadores da Amazon, pois compartilham dos mesmos problemas em seus respectivos locais de trabalho. Eles foram suspensos pela empresa e sem pagamento por mais de um mês, classificados como “criminosos” pelos grandes empresários e seus representantes nos monopólios de comunicação, por terem realizados greves em defesa de seus empregos.

Trabalhadores da empresa imperialista Zara que estavam lá reivindicavam o fim das transferências de funcionários da Zara motivadas pelo fechamento de um dos dois departamentos do armazém, e protestavam contra o risco do fechamento de todas as unidades na região.

Além disso, grupos de trabalhadores do Sri Lanka presentes, do grupo logístico Número 1, exigiam que fossem pagos anos em férias não pagas pela empresa.

Todos eles, juntamente com os trabalhadores da FedEx e outros trabalhadores em greve da periferia de Milão, se reunirão com mais de quinhentos trabalhadores de Piacenza. E, apesar de caminhões da polícia cercarem o armazém da Amazon, os manifestantes chegaram ao local vitoriosamente, bloqueando a passagem de mercadorias.

Em Gênova, 3 mil trabalhadores bloqueiam as principais vias da cidade

Milhares de trabalhadores e trabalhadoras concentraram-se no Terminal Marítimo de Gênova a partir das 9h da manhã daquele dia. Isso deu início a uma marcha que então ocupou a Estrada Sobrelevada de Gênova, uma das principais vias da cidade. A manifestação bloqueou o trânsito por horas, principalmente em Ponente, distrito industrial metropolitano.

Um grupo de fascistas, tentando entrar na marcha e apregoar sua podre ideologia, foi prontamente rechaçado e expulso pelos trabalhadores.

Operários da indústria e trabalhadores da saúde, educação, limpeza pública, comércio e hotelaria participaram da manifestação.

A marcha chegou até a Confederação Geral da Indústria Italiana (Confindustria) de Gênova. Ali, os operários e trabalhadores denunciaram através de falas e palavras de ordem o governo anti-povo do banqueiro Draghi.

A Confindustria é a federação de empregadores italiana e a câmara de comércio nacional. Cerca de 113 mil empresas participam dela.

Operários protestam em frente à Confindustria em Nápoles

A greve também convocada em Nápoles contou com dois mil trabalhadores, entre eles operários da construção de estradas, professores, assim como desempregados e estudantes.

A massa, que protestava em frente à Confindustria, carregava faixas denunciando a instituição. Segundo os grevistas, a Confindustria deu respaldo legal e incentivou as demissões em massa promovidas pelos monopólios, além de denunciar o aumento do custo da eletricidade, do gás e do consumo em geral. Após isso, os trabalhadores lançaram ovos contra o prédio.

No início da marcha, eles bloquearam uma importante via da cidade, a estrada para o porto municipal.

Em Roma, paralisação dos ônibus e metrôs

Em Roma, os trabalhadores do transporte público suspenderam todas suas atividades durante 24 horas.

Os motivos da Greve

De acordo com os sindicatos que convocaram a greve, os motivos para que ela fosse realizada são a demissão e precarização dos trabalhos que foram promovidos durante o último ano. As demissões foram generalizadas e os trabalhadores que mantiveram seus empregos foram transferidos de unidade. Junto a isso, cada vez mais foram sendo implementados novos contratos leoninos que negam os principais direitos trabalhistas. No mesmo período, ainda aumentou a terceirização de setores privados e estatais. 

Tudo isso encabeçado pelo governo de turno do banqueiro Mario Draghi: o atual primeiro-ministro da Itália já trabalhou no Banco Mundial, em Washington D.C (Estados Unidos, USA) e já foi presidente do Banco Central Europeu. Hoje, Draghi é denunciado em toda Itália como verdugo do povo, no momento em que assume a posição de um primeiro-ministro italiano que impôs todas as draconianas medidas anti-povo impostas pelos capital financeiro internacional (imperialismo).

Manifestantes queimam imagem de Mario Draghi durante Greve Geral na Itália. 

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