Jornada político-cultural em celebração ao Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino

O evento contou com uma conferência, cine debate, exposição de obras de artes e uma atividade cultural ao final, e teve participação de estudantes, professores, entidades e movimentos sociais.
Foto: Reprodução

Jornada político-cultural em celebração ao Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino

O evento contou com uma conferência, cine debate, exposição de obras de artes e uma atividade cultural ao final, e teve participação de estudantes, professores, entidades e movimentos sociais.

Foi realizada no dia 29 de novembro na Universidade Federal do Pará, campus Belém, uma jornada político-cultural em celebração ao Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. O evento contou com uma conferência, cine debate, exposição de obras de artes e uma atividade cultural ao final, e teve participação de estudantes, professores, entidades e movimentos sociais.

O evento teve início às 09 horas na Capela Ecumênica da universidade, com conferência intitulada “Povos Originários: Resistência, Cultura e Território na Palestina e no Brasil“. Na mesa estavam presentes os conferencistas  Robson Cardoch Valdez (Secretário de Relações Internacionais da FEPAL), Aiyra Amana Tupinambá (dirigente e associada fundadora da associação Wyka Kwara) e Ângelo Madson Tupinambá (Associação Rádio Cabana de Comunicação).

Banco de dados do comitê de Belém e região metropolitana.

Em sua fala, a palestrante indígena Aiyra centrou na questão da luta pela terra, comparando o modo em que ocorre na Palestina com o que ocorre nos campos da Amazônia. Ela disse: “O grande interesse do colonialismo não é dizer de quem é o direito à terra, mas expropriar, roubar, fazer com que aquele povo deixe de existir, porque no momento em que você tira aquele território de um povo, se tira a identidade desse povo, momento em que se tira a vida de anciões, se tira a oralidade, se mata a história de um povo.”

A indígena narrou o sofrimento dos povos originários, o genocídio, a disseminação de doenças como a varíola pelos colonizadores como arma biológica. Nas gravuras históricas do período da colonização, ela apontou semelhança com o que ocorre hoje na Palestina, com a diferença de que hoje são televisionadas em detalhes as táticas modernas de matança.

Aiyra denunciou o Estado brasileiro, o latifúndio e seus aparatos de segurança privada, citando o que vem sendo realizado contra os Guarani Kaiowá no MS. Na sua fala, concluiu de forma bastante contundente que a democracia só existe para o grande poder do capital; para os povos que lutam, para os povos nativos como os indígenas e palestinos, ela não existe. “Tentam nos matar, mas não matam o direito de continuar lutando”, conclui a indígena.

Na sequência, veio a apresentação de Robson Cardoch Valdez, Secretário de Relações Internacionais na FEPAL. Destacou as condenações internacionais a Netanyahu e políticos israelenses, além do rechaço às ações criminosas de Israel. Isso coloca o sionismo na defensiva, enquanto a causa palestina é cada vez mais vista como justa e legítima. Por este motivo, chama a atenção o fato de não se ter receio em falar sobre a gloriosa causa do povo palestino, inclusive devem-se atentar aos que se utilizam da liberdade de cátedra para disseminar argumentações que contemporizam o genocídio promovido pelo exército de ocupação israelense no meio acadêmico. Na sua fala, qualificou o genocídio, mostrando em números e comparações porcentuais como o genocídio e a destruição da Palestina é muito mais intensa do que outras guerras na história.

Em entrevista ao correspondente local do AND – Belém e Região Metropolitana, os palestrantes comentam a importância do evento:

AND – Qual a importância da realização deste evento?

Robson – “A importância do evento se dá pela estratégia de mobilização, o que acontece com a Palestina junto à comunidade universitária, inclusive na luta pela sobrevivência material do trabalhador e trabalhadora, porque nós temos um conflito no Oriente Médio que tem impactos sobre o preço da energia, o preço do petróleo vai aumentando, vai aumentando o preço dos alimentos, o que acarreta uma inflação generalizada que chega no Brasil, né? E aí torna a renda do trabalhador, que é uma renda muito baixa, tem uma deterioração do poder de compra do trabalhador. Pessoas que não se importam, não se identificam porque tá distante graficamente, mas os desdobramentos e como financeiros se dá de forma muito  rápida, então é preciso sensibilizar as pessoas de que essas coisas que acontecem no cenário internacional importam e têm impacto no dia a dia das nossas vidas. Porque mesmo a geopolítica, as relações internacionais têm um caráter global internacional, o efeito concreto se dá nos municípios, nas cidades em todas as suas dimensões.”

Aiyra –  “Esse evento, dentro da Universidade, reverbera a união dos povos que aqui estão por dentro da formação, os povos que estão num lugar de mestres e mestras e da importância desse 29 no sentido de luta, não no sentido de como ele foi posto pelas Nações Unidas, é uma forma de resistir em mais de 1500 anos de lutas. A luta da Palestina reverbera a luta dos povos originários, a luta dos povos que foram sequestrados de seus territórios para o trabalho forçado. Fazem parte desse território os quilombolas, a luta dos povos que caminham carregando muitos outros povos que lutam pela terra, pelo direito à alimentação digna, pelo direito a sua identidade enquanto pessoas que resistem e aí estar aqui é poder partilhar essa luta, é poder trazer os ancestrais que comigo caminham para dizer a necessidade de resistir e de continuarmos no caminho da luta.”

Angelo – “O povo Palestino e Nação Tupinambá em Belém do Pará, radicado no território histórico e ancestral do Murukutu compartilham um histórico de igualdade dentro das suas lutas, tendo em vista que há 524 anos  atrás nós tupinambás fomos invaididos por uma nacao ostil com a intencao de colonizar e aqui promoveu um etnocidio e nos últimos séculos vem mantendo a sua politica de etnocidio que é a morte cultural de nosso povo, isso muito se assemelha com a luta do povo da Palestina e da mesma forma que seguimos como um exemplo a esse povo eles também nos dão muitas licões a cada dia do enfrentmento porque eles têm enfrentado agora um periodo de novas armas, de novas técnicas de combate e de luta e de apagamento histórico e social, de invisibilidade de suas lutas através da grande midia egemonica corporativa, entao por isso também com o trabalho que realizamos através da rádio ribeirinha murukutu como instrumento de comunicacao popular, como comunicacão e ancestral também é muito importante para dar visibilidade a nossa lutas dentro desse território e também compartilhar a solidariedade com o povo da palestina que é um povo irmão. Belém do estado do Pará se confraterniza com Belém de Gaza, são cidades irmãs e temos muito em comum dentro dessa similaridade dessas lutas, Indigena da Nação Tupinambá e da Nação Palestina”.

A partir das 15 horas, teve início a segunda parte da programação no  Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFPA, onde ocorreu o cine debate com o documentário “Investigando os crimes de guerra em Gaza”, do monopólio de imprensa Al Jazeera. Após a exibição, os participantes saíram em ato do IFCH até a Capela Ecumênica novamente, puxando palavras de ordem como “Estado de Israel, Estado assassino! E viva a luta do povo palestino! E “Juventude Combatente Palestina, sua luta continua na América Latina!”. Na Capela, o debate sobre o documentário foi retomado, e nas falas os participantes destacaram…

Banco de dados do comitê de Belém e região metropolitana.

A Palestina representa a luta de todos os povos oprimidos do Mundo

O Comitê de Apoio entrevistou um ativista do Movimento Estudantil Popular Revolucionário – MEPR que fez a seguinte análise do evento:

“A realização desta jornada político-cultural é bastante significativa. Primeiro porque nos unimos ao proletariado e povos oprimidos de todo o mundo em solidariedade à causa Palestina, em defesa de sua luta armada revolucionária pela libertação nacional que ilumina como um farol o caminho da luta anti-imperialista. E ao fazer isso, nos enchemos de otimismo e esperança, pois a Palestina é prova viva de que a luta revolucionária é possível hoje, que o imperialismo pode e será derrotado pelas massas, ainda que isso cobre um alto custo e demande um tempo prolongado, como temos visto.

Segundo porque esta jornada acontece aqui na Amazônia, para a qual se voltam os olhos do imperialismo ianque, principalmente, em sua sanha por saquear nossas riquezas, promovendo também o genocídio, o terrorismo, assassinatos e perseguições e a destruição do meio natural. Também aqui as massas enfrentam inimigos armados até os dentes, as hordas paramilitares bolsonaristas a serviço do latifúndio, que cometem todo tipo de atrocidades. Portanto, é necessário exaltar o exemplo palestino, o exemplo de que a luta revolucionária é possível em quaisquer condições se se apoia e confia nas massas. E o evento cumpriu este objetivo.”

Arte a serviço do povo

Como parte da programação cultural, estava a exposição de obras de arte dos artistas Mustafá Assem e Chico Ribeiro com a temática resistência palestina, no espaço da Capela Ecumênica. Moustafá expressa em suas charges os horrores do genocida estado de Israel e a imoralidade política e militar de seu exército diante da resistência armada do povo palestino.

Charges do artista Mustafá Assem

       Cartaz  Intitulado ‘Resistência de gerações’ do artista Chico Ribeiro

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