O portal “Opera Mundi” realizou uma entrevista com Osama Hamdan, representante do Hamas. A importante entrevista ocorreu próximo ao marco de 15 dias do conflito entre Israel e a Resistência Nacional Palestina iniciado logo após 22 cidades israelenses serem atacadas com cinco mil foguetes e mísseis. A ofensiva de Israel/USA em resposta à “Tempestade Al-Aqsa” (como a Resistência Nacional Palestina batizou a operação) tem representado a continuidade do genocídio palestino e despertado uma solidariedade internacional à causa palestina ao expôr contínuos crimes de guerra de Israel.
Com a entrevista, Breno Altman, fundador do Opera Mundi, deu ao público brasileiro condições de compreender quais são as motivações patrióticas do Hamas e, principalmente, o seu papel na luta do povo palestino na luta pela independência nacional contra a ocupação do invasor sionista que perdura há mais de 75 anos.
Breno Altman, que tem cumprido um importante e fundamental papel dentro do campo do jornalismo progressista ao evidenciar a aliança entre sionismo israelense e o imperialismo ianque, tem sofrido perseguições e ameaças de morte por seu trabalho. Na semana passada, Breno foi ameaçado por sionistas que, organizados em um grupo de whatsapp intitulado “JewPolitics“, chegaram a discutir meios concretos para “calar a boca” de Breno (dentre eles a possibilidade de espancamentos do jornalista e o assassinato de seus familiares). Tais ataques são promovidos de forma desesperada e ridícula, bem aos modos de Netanyahu (chefete sionista denunciado pelo povo palestino). Eles, porém, têm sido inútil para deter o compromisso de Breno com o jornalismo.
Osama Hamdan destacou os grandes feitos da Resistência Nacional Palestina
Respondendo ao questionamento de Breno sobre se o Hamas teria como alvo a festa que ocorria próxima à Gaza, o representante do Hamas, Osama Hamdan, afirmou que o alvo era o exército de Israel e não os civis. Ele explicou que os próprios monopólios de imprensa chegaram a divulgar, nos primeiros momentos após o ocorrido, declarações dos presentes na festa que indicavam que os militantes do Hamas andaram sem atirar nos civis e que o exército israelense foi quem iniciou o tiroteio contra os palestinos e que, por consequência dos tiros dos sionistas, muitos combatentes da Resistência Palestina foram mortos, assim como muitos civis israelenses.
“Também é parte da propaganda israelense. Quero te dizer que algumas pessoas, homens e mulheres que participavam, celebravam na festa, em seus testemunhos à mídia diziam ‘estávamos na festa, vimos os militantes, passaram, não nos atacaram. Então houve tiros contra eles vindos do lado israelense, alguns deles foram mortos e alguns de nossos amigos foram mortos’. Se alguém quisesse ter por alvo a festa, isso significaria que ao menos milhares de pessoas teriam sido mortas.”
Osama Hamdan também denunciou os ataques israelenses e sua propaganda, destacando os grandes feitos da Resistência Nacional.
“Eles estão falando da festa mas sem mencionar quem matou quem. O alvo não era a festa. O alvo era o exército de Israel. E é por isto que o exército israelense está matando os civis palestinos, eles querem vingança por terem sido mortos e humilhados pela resistência. Os israelenses conheceram, pela primeira vez em sua história, eles viram o seu tanque histórico, Merkava, sendo destruído pela resistência. Eles viram sua principal liderança da brigada de Gaza completamente destruída pela resistência. Eles viram seus soldados sendo mortos ou fugindo do campo de batalha por causa da resistência. Querem encobrir este fato dizendo esta propaganda, que civis foram mortos, que nós matamos os civis para assim manter a imagem do exército de israel como um exército que pode vencer qualquer um.”
É possível resistir à ofensiva sionista?
Hadman explicou como que em inúmeras ocasiões o sionismo realizou ataques severos e continuados contra o território palestino. Ele destacou que todos estes ataques causaram danos. Porém, eles não foram capazes de afetar a presença do Hamas, assim como não afetou a presença do povo palestino.
“De fato, isto levou os palestinos a serem mais resistentes contra a ocupação, levou os palestinos a acreditar que não há outro caminho exceto o da resistência. As pessoas que estão resistindo à ocupação nos dias de hoje, elas nasceram após os acordos de Oslo serem assinados, e elas viram a verdadeira face dos israelenses, as mentiras dos israelenses, a sabotagem das aspirações palestinas, o cerco aos palestinos. Os palestinos viram tudo isso e estiveram em posição de fazer a sua escolha: viver sob a ocupação israelense de joelhos ou resistir à ocupação para que possam viver enquanto uma nação livre. (…) Todas as gerações chegaram à mesma conclusão: a ocupação deve acabar.”
Em um trecho inicial da entrevista, Hadman explicou que para o Hamas a única via para conseguir o fim da ocupação é a resistência contra o invasor:
“Do nosso ponto de vista, o único meio de ter seus direitos de volta é resistindo a ocupação.”
“Você deve resistir até que o invasor entenda exata e claramente que ele não ganhará essa luta, e o preço pago será maior do que manter a ocupação.”
“Todos os palestinos, incluindo o Fatah, devem entender que só há um meio de recuperar seus direitos, que é a resistência. Creio que esteja mais claro que antes e eu acho que em breve nós seremos uma nação unida contra a ocupação”.
Quais eram os objetivos da ‘Tempestade Al-Aqsa’?
Dois objetivos dos ataques do Hamas de 7 de outubro foram expostos pelo representante do Hamas:
“Primeiro, para mostrar ao mundo que a causa palestina não acabou. Nós enquanto palestinos ainda nos erguemos, resistimos à ocupação, e nós faremos isso continuamente, até que os objetivos de nossa nação tenham sido alcançados. Segundo, temos que trazer o conflito à tona. Algumas pessoas, principalmente israelenses, dizem que esta luta se dá porque os palestinos não acreditam em paz, ou então os palestinos não conseguem entender como seria útil ou benéfico para eles viverem sob ocupação. Então dissemos claramente que a face, a face feia da ocupação, tem que ser revelada. E porque são covardes, porque agem deste modo, eles mataram mais de 6 mil civis em 14 dias até agora. Sendo 65% deles mulheres e crianças”
Confira também a entrevista publicada no portal Opera Mundi, clicando aqui.