Depois de passar quase cinco anos em uma cela de 2×3 metros, 23 horas por dia, o fundador do WikiLeaks Julian Assange deixou a prisão de segurança máxima de Belmarsh, na Inglaterra, na manhã do dia 24 de junho e está agora em liberdade, segundo um anúncio da própria WikiLeaks no X. Assange foi preso em 2019 após 14 anos de perseguição por ter divulgado, como parte de seu trabalho jornalístico, documentos secretos norte-americanos, principalmente sobre ilegalidades cometidas durante a guerra de agressão ianque ao Iraque.
Depois de sair da prisão, Assange foi ao aeroporto de Stansted, onde embarcou em um avião para fora do Reino Unido. A liberdade ocorreu após anos de uma massiva mobilização de ativistas progressistas e democratas pelo fim do processo contra Assange, que garantiu a assinatura de um acordo entre o ativista e o judiciário ianque.
Julian Assange boards flight at London Stansted Airport at 5PM (BST) Monday June 24th. This is for everyone who worked for his freedom: thank you.#FreedJulianAssange pic.twitter.com/Pqp5pBAhSQ
— WikiLeaks (@wikileaks) June 25, 2024
O acordo diz que Assange terá que se declarar culpado por obter e divulgar ilegalmente os materiais divulgados no WikiLeaks. Apesar de ter que se declarar culpado por atividade ilegal quando na verdade desempenhou uma função jornalística, o acordo impede que Assange seja julgado no próprio Estados Unidos, onde seria processado por 18 acusações. Em fevereiro deste ano, Joshua Schulte, ex-funcionário da CIA que contribuiu com o WikiLeaks, foi condenado a 40 anos de prisão após um julgamento no EUA.
A declaração de culpa será dada em frente a um juiz federal norte-americano em Saipan, território ianque no Norte das Ilhas Marianas. Depois, Assange seguirá com a família para a Austrália, seu território natal.
Assange era perseguido pelas forças repressivas do EUA desde 2010, ano em que o WikiLeaks começou a publicar o material organizado desde 2006.
Também em 2010, a ativista e ex-analista de inteligência do Exército ianque, Chelsea Manning, foi presa por colaborar com o WikiLeaks. Manning entregou a Assange diversos vídeos e documentos sobre a invasão ianque ao Afeganistão e ao Iraque, um dos quais registra soldados ianques disparando, em meio a risadas, a partir de um helicóptero contra civis – dentre eles um fotógrafo da Reuters – em Bagdá, capital do Iraque. Manning foi mantida em uma cela solitária e submetida a tortura psicológica. Apesar disso, nunca delatou Assange ou recuou em suas posições.
Dois anos depois, Assange, já perseguido pelo Departamento de Justiça ianque, buscou asilo na embaixada do Equador em Londres, onde morou por sete anos. Em 2019, o Equador revogou o asilo para Assange e permitiu que a polícia britânica prendesse o ativista. O episódio seria seguido por processos contra Assange e tentativas de extradição para o EUA frustradas pela mobilização progressista global.