O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJ-PE) libertou no dia 26 de março cinco dos 12 policiais que torturaram e assassinaram seis pessoas no caso conhecido como Chacina de Camaragibe, que ocorreu em setembro de 2023.
Os policiais estavam em prisão preventiva desde março de 2024. A defesa de Paulo Henrique Ferreira Dias, um dos réus citados como autor direto dos crimes, argumentou “tratamento diferente” e que manter o ex-PM preso seria “falta de isonomia da justiça”.
A relatoria não apenas aceitou o argumento, como estendeu para mais quatro dos ex-policiais. Assim, Paulo Henrique Ferreira Dias, Dorival Alves Cabral Filho, Leilane Barbosa Albuquerque, Fábio Júnior de Oliveira Borba e Emanuel de Souza Rocha Júnior tiveram liberdade condicional decretada, contanto que cumprissem medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica.
A Chacina de Camaragibe
Os policiais militares foram acusados de torturar e assassinar toda a família do vigilante Alex Silva Barbosa, que alvejou dois policiais durante uma troca de tiros iniciada após uma abordagem policial em sua casa no dia 14 de setembro.
Dois dias depois, PMs invadiram a casa de Alex na madrugada, encapuzados, e começaram a chacina. Primeiro, eles assassinaram três irmãos de Alex. Depois, mais de 10 homens mascarados invadiram a casa da mãe, que estava com a nora, e as sequestraram. Os corpos só foram encontrados horas depois em um canavial em Paudalho (PE), região a mais de uma hora de carro do local do sequestro. Depois, dois irmãos e uma irmã que estavam transmitindo a abordagem ao vivo nas redes sociais para tentar evitar o pior cenário acabaram gravando o próprio assassinato pelos mesmos homens mascarados. O cunhado de Alex, após ter sua esposa assassinada, foi torturado para revelar o paradeiro do familiar. O vigilante foi morto a balas em conflito com policiais mais tarde no mesmo dia.
No início da perseguição a Alex, uma jovem de 19 anos grávida foi baleada na cabeça, deu à luz no hospital e morreu dias depois. O primo da jovem, um adolescente de 14 anos, também foi baleado e sobreviveu.
Em áudio via WhatsApp, um policial que não foi preso incentivou um grupo a fazer a ação. “Não atira na cabeça não, atira no tórax, debaixo da axila, de lado, meu irmão, atira no pulmão dele e socorre, deixa ele tomar no (…), o satanás levar essas desgraças.”
Sete meses após o ocorrido, 12 policiais foram presos de forma preventiva. Além dos 5 que foram soltos em 2025, foram presos Marcos Túlio Gonçalves Martins Pacheco, João Thiago Aureliano Pedrosa Soares, Fábio Roberto Rufino da Silva, Diego Galdino Gomes, Janecleia Izabel Barbosa da Silva, Eduardo de Araújo Silva, Cesar Augusto da Silva Roseno.
Antes de serem presos, mas já com o processo da justiça em andamento, Marcos e Fábio, acusados de comandarem a ação, foram promovidos de tenentes-coronéis para coronéis da Polícia Militar. Marcos ocupava lugar de destaque na inteligência da PM.