Na manhã do dia 28 de março, um camponês foi espancado e teve o braço quebrado durante um ataque terrorista de latifundiários e pistoleiros encapuzados e armados com armas de fogo contra o Acampamento Lindaura Ferreira Lima, em Guaratinga, Bahia. As informações são do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do estado.
As famílias camponesas relatam que os latifundiários chegaram em várias caminhonetes, pararam na entrada do acampamento e abriram fogo contra os camponeses, além de ameaçarem as famílias.
O método usado pelos latifundiários obedece às táticas de grupos paramilitares de latifundiários e pistoleiros que têm se organizado pelo Brasil para atacar os pobres do campo, como o caso do movimento “Invasão Zero”. Recentemente, uma nova agremiação da Bahia, chamada “União Agro Bahia”, surgiu com as mesmas intenções e atacou camponeses do MST no estado. A intenção do grupo é “combater” os camponeses, segundo o próprio vice-presidente da organização. “Nós vamos combatê-los”, disse o reacionário à revista bolsonarista Oeste. “Com um número cada vez maior de produtores, para garantir os nossos direitos de propriedade privada”.
Latifundiários em ofensiva
O ataque ocorre em um momento de escalada da violência latifundiária no Sul do estado. Além dos ataques do Unagro, a Polícia Civil e a Polícia Militar desataram uma macabra operação contra territórios dos Pataxó e Pataxó Hã-hã-hãe no dia 20/03. A operação atingiu ao menos 5 aldeias, de nomes Vale das Palmeiras, Vale da Seriema, Corumbalzinho, Encantada, Nova e Pé do Monte Pascoal, todas localizadas entre as cidades de Prado e Itamaraju.
Os policiais invadiram as aldeias, reviraram os pertences dos indígenas e atacaram as famílias. “Policial atirando, atirando nas mulheres, nas crianças. Vão atacar dentro da aldeia”, gritou um indígena, durante a gravação de um vídeo publicado pela página do Instagram Pataxó News. Depois da operação, o Conselho de Caciques Pataxó informou que ao menos 25 indígenas estavam desaparecidos e outros 14 foram presos.
Punição para uns, impunidade para outros
Segundo a Polícia Civil, a operação foi desatada por conta de denúncias de indígenas armados na região. Se é verdade, não se sabe, mas o armamento dos pobres do campo tem crescido como uma forma de autodefesa à violência latifundiária. No final de 2024, posseiros de Barro Branco derrotaram com foices, paus, pedras e outros objetos um grupo de latifundiários e pistoleiros que tentou expulsar os camponeses de áreas ocupadas. Grupos como a Liga dos Camponeses Pobres (LCP) têm inclusive convocado os indígenas e camponeses a organizarem grupos de autodefesa, conforme dois comunicados do movimento publicados entre 2023 e 2024. Por outro lado, a mesma Polícia Civil que persegue os camponeses e indígenas não desatou operações de vulto similar contra os latifundiários e os bandos paramilitares – muitos dos quais contam com policiais militares e civis dentre seus integrantes.