Latifundiários do estado de São Paulo pressionaram o governador João Doria (PSDB) a suspender as mudanças que o mesmo fez no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e serviços (ICMS) aumentando o preço da tarifa e retirando o benefício da isenção.
Os latifundiários pressionaram o governo paulista pela isenção do pagamento do imposto especialmente sobre combustível e insumos agrícolas, como adubo e sementes. Para isso, os ruralistas chegaram a convocar protestos em 200 cidades, fazendo o representante paulista da grande burguesia, Doria, recuar. No dia 6 de janeiro, o governador anunciou a suspensão do reajuste fiscal.
Segundo os fazendeiros, a classe se sente “traída” pelo governador e por deputados que representam seus interesses na Assembléia Legislativa do estado de São Paulo (Alesp), com a autorização do ajuste no imposto. A aprovação do pacote de ajuste fiscal ocorreu no mês de outubro de 2020. Contudo, a medida, ainda assim, depende de decreto do governador.
Mesmo após o recuo de Doria, latifundiários organizaram vários “tratoraços” em várias cidades paulistas, numa clara demonstração de força.
“Tratoraço” em Limeira, estado de São Paulo. Foto: Edijan Del Santo.
Sobre a disputa no ceio da grande burguesia paulista, reproduzimos um trecho da matéria O aumento geral de João Dória e o cinismo da Fiesp.
A elevação da alíquota do ICMS, por um lado, impactará seguramente os preços finais de mercadorias como remédios, combustíveis, vestuário, calçados, comunicação, serviços em geral e alimentos, além de aumentar também o preço de produtos comprados pelas micro e pequenas empresas. Por certo, os maiores prejudicados serão os trabalhadores. Todavia não é isso que indigna a Fiesp.
A alíquota também impactará os interesses econômicos desses setores da grande burguesia e, especialmente, os latifundiários paulistas, que, diminuídas as concessões de benefícios fiscais e toda a escandalosa mordomia da qual usufruem impunemente, pagarão imposto maior para compra de insumos e demais mercadorias para seu consumo produtivo (tais como energia elétrica, tratores, máquinas e outros equipamentos). O choque entre este setor industrial-comercial da fração compradora da grande burguesia com Dória vem crescendo desde o início da pandemia, quando este último aplicou medidas restritivas mais severas, não por humanismo, mas por medo de uma explosão social contra o colapso do sistema de saúde que o levasse de roldão a um funeral político.