No dia 10/08 os representantes diretos do latifúndio no Congresso Nacional, conhecidos como “bancada ruralista”, fizeram uma manobra e conseguiram perdão de dívida de cerca de R$ 17 bilhões, que deveria ser destinada aos cofres públicos. Um texto, que contém pautas já vetadas pelo Executivo, foi novamente colocado em questão.
Desde o início de 2017, constante disputa se dá entre as classes dominantes com base no perdão às chamadas “dívidas do agronegócio”. Em abril do ano passado, o presidente semicolonial Michel Temer e o representante do capital financeiro, Henrique Meirelles, prometeram a renegociação e perdão de dívidas aos chamados “produtores rurais”.
Naquele momento, Temer se encontrava sobre constante ameaça de impeachment e usava o perdão de dívidas como moeda de troca para assegurar apoio político e barrar seu processo de destituição. Temer também usaria o perdão de dívidas para negociar votos de parlamentares para aprovar a reforma da previdência, iniciativa que, no entanto, fracassou. Após concessões do governo federal, o perdão de dívidas chegava à quantia de R$ 10 bilhões.
A iniciativa de perdoar as dívidas, no entanto, ficou abalada. Temer, sentindo-se mais seguro e retaliando tais grupos pela não aprovação da reforma da previdência, aprovou em junho deste ano uma série de vetos às propostas de perdão de dívidas.
Apesar da quantia de R$ 17 bilhões em prejuízo para os cofres públicos parecer grande, o calote do latifúndio é muito maior. Em estudo divulgado pela agência pública Oxfam, com dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional de 2016, os grandes proprietários de terra tinham, até então uma dívida que chega quase R$ 906 bilhões aos cofres públicos. Essa quantia é maior que o Produto Interno Bruto de praticamente todos os estados brasileiros. Hoje, inclusive, essa quantia provavelmente é ainda mais colossal.