Latifúndio prepara massacre contra indígenas Guarani-Kaiowá em MS

Apoiados por bolsonaristas, latifundiários estão promovendo uma série de ações ilegais. Governo de Luiz Inácio, porém, não faz nada e temor por massacre cresce.
Guarani-Kaiowás resistem à ameaças de latifundiários no MS. Foto: Divulgação/Fernanda Sabô

Latifúndio prepara massacre contra indígenas Guarani-Kaiowá em MS

Apoiados por bolsonaristas, latifundiários estão promovendo uma série de ações ilegais. Governo de Luiz Inácio, porém, não faz nada e temor por massacre cresce.

Indígenas Guarani-Kaiowá do Mato Grosso do Sul estão resistindo bravamente à uma série de ações ilegais por parte de latifundiários apoiados por políticos bolsonaristas. Somente no município de Douradina, o número de ataques já chegou a quatro. Ao todo, dois indígenas foram baleados e um outro foi preso. Os latifundiários também quebraram os braços de um indígena e estão cercando várias das Terras Indígenas (TI) com caminhonetes. Denúncias dão conta de que o latifúndio está ateando fogo nas proximidades das TI’s numa tentativa, inútil, de intimidar os indígenas.

A Polícia Militar do estado foi colocada à disposição dos inimigos dos indígenas pelo governador Eduardo Riedel (PSDB), o mesmo que em 2013 organizou um leilão para financiar a compra de armas por latifundiários. As tropas militares oficiais reforçam a organização paramilitar mobilizada por latifundiários locais. Os indígenas denunciam que o deputado federal Rodolfo Nogueira (PL) está articulando as ações.

Estratégia é a mesma de todo país

Preparar-se para o enfrentamento está na ordem do dia para os povos indígenas do Mato Grosso do Sul. Em todos os ataques recentes, os reacionários seguiram o mesmo modus operandi do grupo Invasão Zero: através de grupos de Whatsapp conseguem apoio de latifundiários e grupos de pistoleiros locais, vídeos divulgados na internet cumprem o papel de inverter a situação e colocar a culpa nos indígenas por crimes não comprovados.

Dia após dia, a apreensão dos indígenas só cresce, e já há um forte movimento denunciando que um massacre está sendo organizado. Enviada para a região no objetivo de promover a “pacificação”, a Força Nacional tem sido denunciada por tirar fotos dos indígenas e mostrar para os grandes fazendeiros. A Força Nacional já havia sido denunciada anteriormente por promover invasões às terras indígenas.

Até agora, o presidente oportunista Luiz Inácio não se pronunciou sobre a grave situação. Seu partido, o PT, foi denunciado em 2022 por movimentos populares por conta do apoio do deputado estadual “Zeca do PT” à eleição de Riedel (PSDB) e por declarações em apoio à extrema-direita e aos latifundiários da região. “Zeca do PT” é, além disso, forte aliado do latifúndio da cidade de Rio Brilhante.

Governo não protege indígenas

Além de enviar a Força Nacional, o governo oportunista mantém, por quase 10 meses, um gabinete de crise. Porém, à medida que os latifundiários se vêem encorajados a avançar sobre as terras dos povos indígenas, as violações só aumentam e lideranças temem pela própria vida.

O gabinete de crise foi anunciado em 26 de setembro de 2023, menos de uma semana após serem encontrados corpos de um casal que denunciava ações do latifúndio nas terras indígenas no Mato Grosso do Sul. Vinculado ao ministério dos Povos Indígenas (MPI), o gabinete deveria atuar no sentido de proteger as lideranças e os indígenas contra as violações dos seus direitos.

Porém não é isso que se vê. Ações do governo de Luiz Inácio impulsionaram a sanha dos latifundiários por promover ataques contra os povos indígenas. Em abril, o presidente reacionário esteve em um evento da JBS no estado. Nele, além de posar junto ao governador pró-latifúndio, ele prometeu “carne de qualidade” para a China. A produção pecuária é a principal atividade comercial da região. Ávidos por ter acesso ao mercado chinês, o latifúndio sul-matogrossense busca expandir suas terras sobre os mais de 3,5 mil hectares de terras Guarani-Kaiowá que abrigam, hoje, quase 14 mil habitantes.

No início de julho, o presidente Luiz Inácio anunciou o maior Plano Safra da história do País. Serão disponibilizados ao latifúndio um total de R$ 400,59 bilhões. Ignorando completamente a situação de guerra imposta pelo latifúndio no campo, o mandatário afirmou no lançamento do que o “agronegócio está bombando hoje”.

Através das instituições do velho Estado brasileiro, é inviável alcançar a solução para os indígenas conquistaram seus territórios. Isto quem diz é a própria ministra Sônia Guajajara que, constatou que o orçamento para a compra das terras do latifúndio custaria mais de R$ 1 bilhão. “A gente sabe que tem um limite no orçamento público para essas questões”, afirmou a ministra ainda no primeiro ano de governo. Assim, o governo vai, mês após mês, ano após ano, financiando o “agro” e inviabilizando qualquer perspectiva de entrega das terras indígenas e também de retomada da falida “reforma agrária”.

De fato, a resistência ao latifúndio e a elevação da autodemarcação são a única solução para a conquista e garantia da demarcação das terras indígenas Guarani-Kaiowá que ocupam mais de 100 mil hectares.

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