A vitória eleitoral de Jair Bolsonaro (PSL), suas medidas e manifestação pública contra os povos indígenas, quilombolas e camponeses encorajam as ações dos bandidos latifundiários (especuladores e agronegócio), banqueiros, empreiteiras, e monopólios estrangeiros (especialmente os ligados a madeira, construção de hidrelétricas e mineração como a criminosa Vale) que visando o lucro máximo, não medem esforços em expulsar os verdadeiros donos da terra, rasgam as próprias leis de seu genocida Estado de grandes burgueses e latifundiários e passam o rolo compressor sobre quem se tornar obstáculo aos seus planos criminosos de exploração e pilhagem das nossas riquezas.

Em Rondônia pelo menos dois territórios indígenas foram invadidos nesse ano (Uru Eu Wau Wau e Karipuna). Os chefes dos invasores afirmam que tem apoio do governo, que “agora é Bolsonaro”, que a ordem para a invasão “veio de fora” e que os índios não tem mais nenhum órgão para defendê-los. No meio desses invasores há algumas pessoas enganadas da região de Jaru, mas a maioria são aproveitadores, são fazendeiros ou madeireiros médios e grandes, açulados, financiados e organizados por latifundiários e deputados.

Esses grileiros a soldo de latifundiários e politiqueiros locais querem se adonar da madeira e de vastas extensões de terras com riquezas ainda intocadas. Para isso buscam forçar a redução e revisão da homologação de terras indígenas, assentados no discurso fascista de Bolsonaro de que “há muita terra pra pouco índio”. O gerenciamento de Bolsonaro é governo de latifundiários, anti-povo, obscurantista e vende-pátria. E não se pode esperar desse gerenciamento nada a favor dos povos indígenas a não ser o aumento de modificações na legislação ameaçando os já pouco reconhecidos direitos dos povos indígenas, e a cobertura e legitimidade para o incremento das agressões e genocídio.

No meio dessa situação circula a “boca pequena” calúnias partindo de gente de objetivos obscuros, ligadas a ONGs financiadas e agentes de interesses estrangeiros, com insinuações de que a LCP estaria envolvida com essas invasões.

Uma vez mais queremos deixar claro que as Ligas de Camponeses Pobres não apoiam e não promovem invasões em terras indígenas, muito ao contrário as condenam e as combatem!

Os povos indígenas, camponeses pobres, quilombolas e demais massas populares têm inimigo comum

Reconhecemos na questão indígena não uma mera questão de direito à demarcação de terras. A questão indígena, questão dos povos originários destas terras, é o problema de minorias étnicas e nacionais. As populações indígenas em todo território dos continentes americanos resultam de trágica e heroica resistência ao genocídio continuado e à cultura de dominação, exploração e destruição da empresa de conquista e de colonização das classes dominantes europeias, ao longo de mais de 500 anos, política esta aprofundada pelo domínio colonial/semicolonial norte-americano nos últimos 200 anos.

Sustentamos em nosso programa agrário e na luta por uma nova democracia e um Brasil Novo o direito inalienável a autodeterminação dos povos indígenas. Empenhamos nossos esforços para integrar nossa luta pela terra e pela nova democracia com a luta indígena, a qual passa pelo rechaço à intervenção e controle exercido pelo velho Estado através de seu instrumento de tutela, a Funai e outros órgãos, bem como as ações e ingerências que em nome da “defesa dos povos indígenas” não passam de tráficos com a causa dos povos indígenas e de espionagens de potências estrangeiras sob a cobertura de determinadas ONGs ou de injunções tais como o do gringo, tristemente conhecido, Instituto Linguístico de Verão.

A partir do reconhecimento desta condição dos povos indígenas verificamos que eles, junto do restante das massas populares, têm um inimigo comum, o velho Estado de grandes burgueses e latifundiários serviçais do imperialismo, principalmente ianque. As causas de cada um são parte integrante da luta de libertação de nosso povo e nossa pátria.

Por isso a luta das Ligas de Camponeses Pobres que se inicia com a luta pela conquista da terra, pela Revolução Agrária e destruição do latifúndio, e a luta dos povos indígenas têm o mesmo inimigo comum e imediato: os latifundiários. Classe usurpadora das terras indígenas e quilombolas e grileiras das terras juridicamente da União; classe mais reacionária e bandidesca que compõe o velho Estado há séculos. Os latifundiários, estes sim os verdadeiros ladrões de terra, maiores exploradores e genocidas, classe que é enaltecida pela publicidade da rede globo, mas que é a principal responsável pelo atraso e infelicidade dos povos indígenas, quilombolas, camponeses e demais pobres do campo e cidade.

Por fim reafirmamos nossa decisão de perseguir o objetivo de tomar todas as terras do latifúndio, cortar em pequenas parcelas e entregar aos camponeses pobres sem terra ou com pouca terra!

Reafirmamos nosso reconhecimento ao direito à autodeterminação dos povos indígenas!

Reafirmamos nosso repúdio a qualquer invasão de territórios indígenas!

E reafirmamos nossa decisão de apoiar a luta e resistência dos povos indígenas, de buscar alianças e efetivar esse apoio nos fatos, nos dispondo a lutar ombro a ombro na defesa de seus territórios ameaçados!