Transmitimos nota da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia (LCP) em saudação e apoio aos caminhoneiros que sustentaram combativamente uma greve nacional por mais de 10 dias.
Na nota a Liga diz que a luta dos caminhoneiros é parte da luta do povo, e conclama a população a somar-se no prosseguimento desta luta por seus direitos e por uma Nova Democracia.
Viva a justa luta dos caminhoneiros!
Preparar a Greve Geral!
A Liga dos Camponeses Pobres saúda a combativa e justa luta dos caminhoneiros que por mais de 10 dias tem sacudido o país através de sua greve!
Os camponeses do Norte de Minas e Sul da Bahia que lutam pela terra e de sol a sol para produzir enfrentando os desafios dessa natureza árida e mais do que nunca enfrentando os ataques do latifúndio e do velho Estado com perseguição, criminalização, prisões e assassinatos de companheiros, manifestamos nosso apoio à luta dos caminhoneiros!
A luta dos caminhoneiros é parte da luta do povo brasileiro contra a condição semicolonial de nosso país, expressa na fragilidade de uma economia em crise, subjugada aos interesses do imperialismo, principalmente norte americano, que através do regime militar, instalado pelo golpe de 1964, foi responsável por destruir a malha ferroviária de nosso país (transformando-a em escoadora de minérios) e fomentar os monopólios de produtos derivados do petróleo, com a construção de uma gigantesca malha rodoviária que entre outros problemas, colocou o país totalmente dependente desta fonte de combustíveis.
Além disso, a política entreguista dos milicos lambe botas dos norte americanos abriu ainda mais as portas do país para os consórcios de construtoras que “nadaram de braçada” com subsídios de impostos pelo gerenciamento militar e colocou os brasileiros reféns da ameaça constante de privatização, como vemos hoje, a cobrança de pedágios, que diante do total abandono das estradas pelo Estado, se apresenta como se fosse a última e única solução.
Conhecemos bem a dificuldade destes trabalhadores da estrada, muitos de nós fomos “chapas”, camaradas destes que confiantes que a situação de nosso país iria mudar, acabou se endividando e comprando o próprio caminhão e agora, além dos juros extorsivos que pagam, ainda tem que enfrentar os altos custos do combustível e dos pedágios, da manutenção dos veículos, dos baixos valores de fretes e a exigência cada dia maior para cumprimento de prazos de entregas que aliada as péssimas condições das estradas, impõe enormes incertezas para eles e seus familiares.
Situação ainda mais precária é dos caminhoneiros que trabalham contratados e tem que assumir a responsabilidade pela carga, não tem jornada certa de trabalho, nem intervalos, chegando à dirigir 12 horas por dia, porque para as empresas o mais importante é que o veículo e a carga chegue em “um lugar seguro”.
O velho Estado brasileiro está atravessando uma profunda crise política, econômica, moral e militar como resultado destas políticas aplicadas desde a proclamação da “república” pelas classes dominantes lacaias, aprofundadas no regime militar fascista e agora para tentar “se salvar” colocam em curso um Golpe de Estado contrarrevolucionário, preventivo contra o inevitável levante das massas populares, que estão cansadas de esperar por promessas eleitoreiras e cada vez mais, tomam as ruas de forma mais radicalizadas e tomam as terras dos parasitas latifundiários.
Diante da greve e demonstração da força dessa categoria, com apoio e adesão da população, o governo Temer-PMDB-PSDB, obediente aos generais, decretou uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) até 4 de junho, que dá permissão às Forças Armadas reacionárias atuarem em todo o território nacional para encerrar a greve, depois de acordo feito com supostas lideranças dos caminhoneiros. Na ocasião, Temer e sua quadrilha anunciaram que as Forças Armadas atuariam de modo “enérgico”.
Apoiamos e defendemos o direito dos motoristas empregados, os autônomos e as pequenas e médias empresas contra os grandes grupos empresariais, não apenas contra o abusivo preço dos combustíveis, mas contra toda carestia de vida, contra todas essas “reformas” e leis que retiram direitos do nosso povo e depois enquadram a nação na base das armas, colocando seu aparato repressivo como polícias e Exército contra o povo em luta.
Enquanto isso, os monopólios de imprensa, com Rede Globo à cabeça, procuram criminalizar os trabalhadores que prosseguem na luta, chamando de “minorias”, “infiltrados” e “radicais” aqueles trabalhadores que em nada foram atendidos nos acordos feitos com os grandes empresários!
Conclamamos o povo norte mineiro a apoiar e somar-se ao prosseguimento da luta dos caminhoneiros por seus direitos, contra a farsa eleitoral, contra a intervenção militar, contra a entrega das riquezas de nosso país e por uma verdadeira e Nova Democracia, que só pode nascer através de uma Revolução Democrática, agrária e anti-imperialista!
Viva a Revolução Democrática! Viva a Revolução Agrária!