Várias centenas de libaneses protestam na cidade de Trípoli, ao norte do país, em 17 de abril de 2020, apesar do bloqueio do coronavírus do país, marcando seis meses desde que o país foi tomado por protestos em massa devido à podridão do velho Estado e a crise econômica. (Ibrahim CHALHOUB / AFP)
Várias centenas de pessoas protestaram em Tripoli, Beirute, Sidon, e na cidade de Aley no Líbano nos dias 17 e 18, contra a corrupção no velho Estado, a crise que assola o país, e o sistema de exploração e opressão. Apesar do bloqueio imposto no país diante da Covid-19, os manifestantes demonstraram sua indignação: Vamos morrer de fome ou de coronavírus?, e partiram às ruas em protestos combativos.
As “autoridades” do velho Estado e seus cães de guarda das forças de repressão ficaram em alerta quando manifestantes que participaram da rebelião que começara 17 de outubro de 2019 emitiram um comunicado recentemente ameaçando “protestar diante de casas de políticos, banqueiros e donos de casas de câmbio”, e garantindo-lhes que “a revolução não terá misericórdia dos corruptos”.
Dessa forma, durante os protestos na cidade de Trípoli, ao norte do país, as massas rebeladas jogaram pedras nas forças de repressão, que responderam com gás lacrimogêneo para dispersar as massas revoltadas que se aproximavam da casa de um parlamentar, disse um repórter do monopólio de imprensa AFP.
Também foram queimados pneus na praça central Al-Nour (um ponto comum em meses de protestos), sendo que os manifestantes se recusaram a sair mesmo quando o toque de recolher entrou em vigor, entoando palavras de ordem contra o velho Estado e o Banco Central.
Fátima, de 27 anos, disse que estava se manifestando apesar do fechamento para exigir os “direitos do povo”. “Eles podem tentar nos assustar o quanto quiserem, nos dizer ‘fique em casa, você vai ser contaminado’. Mas o povo libanês não vai mais deixar passar”, disse ela.
Foto: Ibrahim Chalhoub / AFP
Em Beirute, jovens dos bairros de Tarik Al-Jadida organizaram uma manifestação massiva, indo até a casa do primeiro-ministro e entoando palavras de ordem contra o aumento dos preços e a deterioração das condições de vida. Já em Aley os manifestantes marchavam enquanto entoavam Queremos comer, queremos viver!
Também, os protestos massivos do ano passado foram desencadeados por uma série de novos impostos, e rapidamente as massas rebeladas e miseráveis tomaram as ruas para exigir o fim dos ataques aos seus direitos e contra a piora da sua situação de vida, resultantes do sistema de exploração e opressão. Isso levou à renúncia do primeiro-ministro Saad Hariri, como efeito imediato dos protestos.
Foto: Ibrahim Chalhoub / AFP
Mesmo antes da pandemia do coronavírus, o Líbano estava sofrendo a pior crise econômica do seu capitalismo burocrático, desde a guerra civil de 1975-1990, com uma recessão e inflação em espiral, sendo um dos países mais endividados do mundo, com o Fundo Monetário Internacional prevendo agora que a produção nacional contrairá em 12% este ano.