Grandes protestos contra pauperização abalam o Líbano

Grandes protestos contra pauperização abalam o Líbano

Grandes protestos violentos eclodiram no Líbano desde o dia 17 de outubro, em consequência de uma série de novos impostos anunciados pelo governo. Rebelados, milhares de libaneses exigem a saída do atual governo e a retirada desses impostos, e empreendem diversos protestos combativos com enfrentamentos às forças de repressão, bloqueios de estradas e ataques a grandes monopólios.

No dia 21 de outubro, uma Greve Geral nacional foi convocada em todo o Líbano como forma de apoio aos protestos, que alcançavam o seu quinto dia. Bancos, escolas e negócios locais foram fechados. 

No dia 19, em um terceiro dia de protestos, dezenas de milhares tomaram as ruas do Líbano. No centro de Beirute, manifestantes de todas as idades lançaram consignas contra os grandes empresários e bancos, que tiveram suas fachadas atacadas na noite anterior. 

Manifestantes incendiaram barreiras de plástico e lixo para bloquear uma estrada em Beirute, Líbano, 17 de outubro de 2019. FotoS: AP/Hassan Ammar

Do Sul ao Norte do Líbano, manifestantes marcharam e bloquearam estradas, apesar de homens armados do movimento xiita Amal aparecerem com armas de fogo para afugentá-los.

Em uma tentativa de apaziguar os manifestantes, o ministro das Finanças do Líbano anunciou, no dia 19, após uma reunião com o primeiro-ministro Saad al-Hariri, que eles haviam acordado não incluir novos impostos ou taxas no orçamento final. Apesar disso, os protestos seguiram, em uma acumulação de revolta contra a pauperização, o desemprego e a corrupção do governo.

No dia 18 de outubro, milhares de pessoas foram às ruas em todo o país e, especificamente em Beirute (capital), a repressão contra os manifestantes foi grande. A tropa de choque em veículos e a pé cercou manifestantes no protesto e disparou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo na região do distrito comercial de Beirute. Dezenas de pessoas foram feridas e detidas.

À medida que a noite caía naquele dia, multidões marchavam pelas ruas e gritavam: “As nossas exigências são uma só, o nosso objetivo é um só: o povo quer a queda do regime”. Alguns manifestantes desmaiaram quando as forças de segurança dispararam gás lacrimogêneo. A Cruz Vermelha disse que suas equipes trataram 160 pessoas feridas em protestos desde o dia 17. O aparato de repressão do Líbano disse que 52 policiais foram feridos no dia 18, e 70 pessoas foram presas. 

Alguns manifestantes também bloquearam estradas, incendiaram pneus e usaram barras de ferro para esmagar vitrines de lojas multinacionais no afluente distrito central de Beirute. Em sua fúria contra as condições de vida que só pioram e aumentam de custo, os manifestantes quebraram carros, vidros e rasgaram cartazes. 


A Tropa de Choque libanesa dispara gás lacrimogêneo durante um protesto contra os planos do governo para impor novos impostos em Beirute, Líbano, 18 de outubro de 2019. (Foto AP/Hassan Ammar)

Os libaneses têm sofrido de condições econômicas terríveis no país altamente endividado e de crescente aumentos de impostos, com protestos populares como esses irrompendo várias vezes nos últimos meses.

Apesar de dezenas de bilhões de dólares gastos desde que a guerra civil terminou em 1990, após 15 anos de conflitos, o Líbano ainda tem infraestrutura em ruínas, incluindo cortes diários de eletricidade, pilhas de lixo nas ruas e muitas vezes esporádicos, limitados suprimentos de água. Os manifestantes exigem uma mudança profunda do sistema político do Líbano, com queixas que vão desde medidas de superexploração das massas à infraestruturas deficientes.

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