Líbano: Jovens protestam em frente à Embaixada ianque contra intervenção imperialista

Líbano: Jovens protestam em frente à Embaixada ianque contra intervenção imperialista

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Um boneco da morte vestida com a bandeira do imperialismo ianque é visto em meio a bandeiras vermelhas, da Palestina e do Hezbollah. Foto: Reprodução / Redes Sociais

No dia 10 de julho, dezenas de jovens libaneses realizaram uma combativa manifestação às portas da Embaixada ianque em Beirute, capital e maior cidade do país, em repúdio ao imperialismo ianque e suas interferências e sanções no Oriente Médio, que atingem o Líbano e aprofundam a situação de crise no país. Os manifestantes atearam fogo a bandeiras do imperialismo ianque e a notas de dólar falsas, enquanto gritavam USA, mãe do terrorismo!

Na multidão, flamulavam bandeiras vermelhas com o símbolo da foice e martelo, bem como da Palestina e do Hezbollah, e muitos vestiam e cobriam os rostos com seus keffiyeh (tradicional lenço usado por homens no Oriente Médio). Várias pessoas levaram também bonecos de representação da Morte e vestidos com a bandeira do imperialismo ianque.

Os jovens revoltados atiraram pedras contra as forças da polícia de choque, que tentaram covardemente reprimir a multidão com canhões de água, mesmo depois de terem instalado camadas de arame farpado para tentar manter os manifestantes distantes. Os jovens, no entanto, resistiram e inclusive conseguiram remover parte do fio, mesmo sob os jatos d’água em alta pressão. Horas antes, as forças libanesas bloquearam algumas estradas e vias próximas à Embaixada para tentar sabotar a chegada dos manifestantes ao local. 

Esse foi o segundo protesto anti-imperialista em repúdio às sanções ianques em Beirute no decorrer de uma semana. Em 8 de julho, dezenas de pessoas também protestaram perto do aeroporto contra a chegada do general da Marinha ianque Kenneth McKenzie, atual chefe do Comando Central ianque, responsável por todas as operações do Estados Unidos (USA) na região do Oriente Médio Ampliado, desde o Egito até a Ásia Central. Os manifestantes denunciavam sua visita ao país naquele dia e gritavam a palavra de ordem Morte à América!

SANÇÕES IANQUES ‘VISAM A MATAR O LÍBANO DE FOME’

Em 17 de junho entrou em vigor uma lei do imperialismo ianque chamada “Lei de Proteção Civil Caesar Syria”, aprovada no Congresso ianque em 2019 com apoio bipartidário, ou seja, tanto do partido Republicano como do Democrata. O seu objetivo é sancionar qualquer organização ou indivíduo que dê assistência ao governo sírio ou contribua para a reconstrução do país, e visa a atingir, principalmente, o Irã e o Hezbollah, movimento xiita sediado no Líbano, além, evidentemente, da própria Síria.

A nação libanesa vive atualmente a pior crise econômica desde o final da sua própria guerra civil, que durou de 1975 até 1990. Enquanto o país enfrenta falta de eletricidade e combustível, o secretário de Estado do USA, Mike Pompeo, declara que seu objetivo é “impedir o Irã de vender petróleo bruto ao Hezbollah” e que “Washington está apoiando o Líbano como um país que não se subordine à República Islâmica”, referindo-se ao Irã. As sanções também se estendem ao abastecimento de alimentos e remédios.

Hassan Nasrallah, liderança política do Hezbollah, declarou em junho que “a Lei Caesar visa a matar o Líbano de fome, assim como a Síria”. “A Síria venceu a guerra militarmente, em termos de segurança e politicamente”, disse Nasrallah na ocasião, afirmando que as sanções são uma tentativa desesperada do imperialismo ianque, sua “última arma” contra a Síria, após sofrer rotunda derrota no país, onde tentou depor o governo de Bashar al-Assad, serviçal do imperialismo russo, para colocar um títere apoiador do USA em seu lugar.

O correspondente de guerra Elijah Magnier escreveu em sua conta pessoal na internet que as sanções impedem que “os países do Golfo e da Europa apoiem o Líbano, a menos que o governo [libanês] se submeta à hegemonia do USA” e que o imperialismo ianque também vem pressionando no sentido de impedir qualquer aproximação entre o Líbano e a China, estrangulando o país economicamente a ter como única opção render-se.

“Ao fechar as fronteiras com a Síria, impedir o suprimento de petróleo do Irã e as relações industriais com a China, o USA quer que o Líbano se submeta, e isso não acontecerá. O governo do USA busca outra opção: guerra civil para manter o Hezbollah ocupado com a situação interna”, denunciou Magnier. 

O imperialismo ianque, junto do seu principal lacaio no Oriente Médio, Israel, lutam para impulsionar a criminalização do Hezbollah em todo o mundo, designando-o como uma organização terrorista, como ocorreu recentemente na Alemanha. Outra estratégia que o USA também adota contra o grupo da Resistência é de investir enormes quantias nas Forças Armadas libanesas, além de fornecer-lhes equipamento e treinamento, para forçá-las à subserviência. 

O Hezbollah, fundado em 1985 e que segue recusando-se a depor suas armas, surgiu no contexto da invasão do Líbano por Israel na mesma década, e lutou até expulsar o último dos soldados israelenses do sul do país. Hoje, atua de modo ambíguo, ora contribuindo com a Resistência Nacional do Iraque e da Síria, por exemplo, lutando contra a intervenção imperialista, principalmente ianque, ora contribuindo com os objetivos imperialistas dos russos contribuindo para a partilha “por cima” do território dessas nações oprimidas. 

Vídeo da manifestação: https://twitter.com/allushiii_new/status/1281590552522301440

Manifestante é atacado por um jato de canhão d’água da polícia em protesto em frente à embaixada ianque em Beirute. Foto: Hussein Malla /AP Photo

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