Povo ataca prédio do velho Estado em protesto combativo. Foto: Joseph Eid
Em Trípoli, cidade do Líbano, o povo ateou em chamas um prédio municipal durante um protesto do dia 28 de janeiro, quarto dia de protestos combativos que tomaram o país. Os protestos iniciaram-se no dia 25/01 contra as novas medidas de toque de recolher impostas pelo velho Estado sob a alcunha de combater a pandemia. Elas servem, na verdade, para controlar a miséria e revolta, elevadas a um novo nível pela crise geral do imperialismo, militarizando mais a sociedade através de toques de recolher e impulsionando um maior cerceamento às liberdades democráticas.
A intensificação das manifestações, que culminou na queima do prédio público, se deu após o assassinato de um manifestante pela polícia no dia 26/01.
Desde o início dos protestos, mais de 400 pessoas foram feridas no norte do país, principalmente em cidades mais pobres.
Os manifestantes também feriram cerca de nove agentes da repressão no dia 28, após esses atirarem balas de borracha contra as massas.
Um dia antes, em 27/01, um manifestante expôs a frustração das massas para o monopólio da mídia Reuters: “As pessoas estão cansadas. Há pobreza, miséria, quarentenas e não há trabalho”. No mesmo dia, após o povo tentar invadir um prédio do velho Estado, manifestantes enfrentaram a polícia reacionária, que os reprimia com gás lacrimogêneo e balas de borracha, com pedras, coquetéis molotov e fogos de artifício.
Foi no dia 26/01 que a polícia assassinou um manifestante durante os protestos de massa que ocorriam, em Trípoli. Testemunhas e o monopólio da mídia local afirmaram que a polícia utilizou munição letal contra os manifestantes, deixando cerca de 220 pessoas feridas.
Além de Trípoli, cidades como Beirute e Bekaa contaram com o povo bloqueando avenidas.
O toque de recolher, que teve início no dia 07/01, tem impedido as pessoas de saírem de suas casas mesmo para ir ao mercado, com exceção dos trabalhadores da saúde, com o toque de recolher sendo aplicado pelo exército reacionário do Líbano.
Tal medida é, na verdade, uma militarização por parte do velho Estado libanês em sufocar a rebelião popular que cresce cada vez mais desde março de 2020, em rechaço a todo o sistema de exploração e opressão que o povo enfrenta.
O país hoje passa por uma profunda crise do capitalismo burocrático, em meio à crise geral do imperialismo. Atualmente a moeda do país perdeu 80% de seu valor, com o desemprego chegando a 30% em 2020 e a taxa de pobreza em 55%, uma crise que o país não enfrenta desde a sua guerra civil entre 1975 e 1990.