Manifestantes em Beirute, 11/06 (Fonte: CNN)
Grandes protestos, com ataques à lojas do monopólio e bancos do capital financeiro eclodiram no Líbano, na cidade de Trípoli, ao norte do país, e na capital, Beirute, dia 11 de junho. Centenas de manifestantes se rebelaram contra o sistema de exploração e a crise econômica, combatendo a repressão com pedras, bombas incendiárias e barricadas. Pouco antes, o valor da moeda nacional havia caído ao seu ponto mais baixo, sendo que desde outubro de 2019 a libra libanesa perdeu 70% do seu valor.
Próximo à capital do Líbano, na cidade de Jounieh, manifestantes enfrentaram agentes da repressão, após a polícia os reprimir por tentar bloquear uma rodovia. Também exigiam a liberdade de Michel Chamoun, ativista preso por ter feito uma postagem na internet contra o Presidente Michel Aoun.
O confronto se desatou após os manifestantes tentarem bloquear a rua em frente a um prédio administrativo da cidade, de onde se recusaram a sair até a soltura de Chamoun.
Centenas de pessoas tomaram as ruas em Trípoli clamando Revolução, revolução! e responderam à repressão com pedras e coquetéis molotov, lançando-os contra os soldados da reação que tentavam dispersar o justo protesto. Bancos e lojas também foram alvo do protesto popular.
Em Beirute, no mesmo dia, manifestantes ergueram barricadas e queimaram pneus em rodovias movimentadas. As forças policiais fizeram uso de balas de borracha, gás lacrimogêneo e veículos blindados para atacar as massas, ao que o povo respondeu com pedras e fogos de artifício. No centro de Beirute, cerca de 200 pessoas usaram motocicletas para atacar e queimar grandes lojas do monopólio e bancos.
Também aconteceram em protestos nos dias 6 e 7 de junho nos quais foram registrados mais enfrentamentos das massas contra as forças de repressão do velho Estado. No dia 7/06, após os manifestantes tentarem chegar ao Parlamento localizado na capital do país, a polícia realizou violentos ataques contra o povo, sendo prontamente respondida com fogos de artifício e pedras.
No dia 6/06, manifestantes entraram em confronto com forças de segurança após serem reprimidos com gás lacrimogêneo. Lojas do monopólio, assim como shoppings, também foram alvo das massas enfurecidas que destruíram o centro de Beirute.
Diante da crise do capitalismo burocrático no país e dos níveis de miséria inauditos, protestos massivos tiveram início em todo o Líbano desde outubro do ano passado, desencadeados por uma série de novas taxas criadas e impostas à população. Respondendo à todo esse achaque, rapidamente as massas rebeladas tomaram as ruas para exigir o fim dos cortes de seus direitos, contra a piora da sua situação de vida e aumento da repressão. Os grandes protestos levaram à renúncia do primeiro-ministro Saad Hariri, como efeito imediato.
Mesmo antes da pandemia do coronavírus, o Líbano estava sofrendo a pior crise econômica do seu capitalismo burocrático desde a guerra civil de 1975-1990, com uma recessão e inflação em espiral. Após o início da pandemia os preços dos alimentos atingiram os maiores níveis, somando-se às demissões em massa e o fechamento de pequenos negócios.
O instrumento do imperialismo ianque Banco Mundial apontou que a taxa de pobreza no Líbano será de quase 50% em 2020. Ao passo que, o governo de turno atual, tendo o primeiro-ministro reacionário Hassan Diab há pouco mais de 100 dias no posto, já encontra o rechaço das massas, que denunciam a ausência de medidas de combate à situação de calamidade enfrentada pela população.
Protestos em Beirute (Fonte: Al Jazeera)