Arthur Lira suspendeu a convocação de Rui Costa, ministro da Casa Civil, para prestar depoimento na “CPI do MST” – farsa montada por deputados da extrema-direita para desgastar o governo federal de Luiz Inácio e atacar os movimentos camponeses que lutam por terra. No Diário Oficial de 9 de agosto, Lira anunciou a suspensão e expôs o motivo: “não se demonstrou no requerimento a conexão entre as atribuições do Ministro da Casa Civil da Presidência da República e os fatos investigados pela CPI sobre o MST”.
O notável bolsonarista Ricardo Salles, relator da CPI e inimigo declarado dos camponeses e indígenas, sentiu o golpe: no mesmo dia, anunciou que não pedirá mais a prorrogação dos trabalhos por 60 dias. Taxando a atuação de Lira como “desserviço para o Brasil” e como um “péssimo precedente”, Salles afirmou que “diante dessas manobras regimentais e a clara mobilização de partidos que estão negociando espaços no governo, não há motivos para ampliar o prazo”, em referência à atuação de Arthur Lira à serviço do governo federal e as negociações de Luiz Inácio para entregar ministérios para o Partido Progressista e o Republicanos – partidos que pediram voto para Bolsonaro durante a farsa eleitoral de 2022.
Parlamentares integrantes da “bancada ruralista” do Republicanos (mesmo partido do presidente da comissão, “Coronel Zucco”) se retiraram da CPI, também como parte das negociações por ministérios no governo. Não se sabe se o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, comparecerá no dia 10/08 à CPI para prestar depoimento.
Digno de nota é a reação do presidente da CPI, “Coronel Zucco”. Irritado, afirmou que o Congresso “está escrevendo um capítulo triste de sua história”: “Ao negar provimento para a tomada de depoimento do ministro da Casa Civil, Rui Costa, abre-se um precedente perigosíssimo para a democracia representativa”, afirmou o deputado, acrescentando que “a CPI é um instrumento das minorias parlamentares, para assegurar que o Legislativo cumpra sua função fiscalizatória sem que seja impedido ou constrangido pelos grupos políticos majoritários”. O deputado mais votado em 2018 pelo RS – que é, realmente, o “puro suco” do bolsonarismo – talvez se revolte com sua sigla e mude de partido, uma vez que este se tornará, muito em breve, governista.
A pergunta que não quer calar, porém, não é se Zucco continuará no Republicanos, mas se haverá algum ministro que fez campanha para Luiz Inácio ao final do governo, em 2026.