Foi lançado, na última terça-feira (25/03), o livro “A Palestina É Dos Palestinos”, de Ualid Rabah, presidente da Federação Árabe-Palestina do Brasil (Fepal) e Pedro Lima Vasconcellos. O evento contou com inflamada palestra de Ualid na reitoria da UFPR, em Curitiba, denunciando o genocídio perpetrado pelo estado sionista de Israel e proclamando a defesa e solidariedade ao povo palestino.
A mesa foi composta, entre outros, pela antropóloga Bárbara Caramuru e pela vereadora Professora Ângela. Bárbara Caramuru iniciou a ocasião frisando que o evento acontece em um momento muito necessário e que a questão palestina deve ser discutida e reiterada diariamente, “A resiliência – sumud – é uma característica dos palestinos”.
Em seguida, Ualid deu uma palestra sobre a questão palestina e sua resistência ao genocídio, agradecendo à presença dos estudantes organizados e enfatizando a importância dos jovens nessa luta. Rabah criticou Trump por falas recentes e disse que, para países como os EUA, cada país é de seu povo: a Inglaterra é dos ingleses, a França é dos franceses, a América é dos americanos; porém, não dizem o mesmo para a Palestina.
“Essa guerra é uma guerra promovida pelas elites ocidentais”, afirmou Ualid. São “milhões de reais para cada palestino exterminado”, disse ele, sublinhando a movimentação econômica absurda que o Capital destina à tentativa de liquidação do povo palestino. O autor trouxe dados espantosos, “Israel já atacou a Palestina com o poder destrutivo de 4 vezes o da bomba de Hiroshima, uma destruição maior que em toda a Europa na Segunda Guerra Mundial; matou 208 jornalistas, e proporcionalmente é a maior chacina de mulheres – inclusive grávidas – e crianças de todos os tempos, superando mesmo o período hitleriano, causando uma queda de assustadores 45% na expectativa de vida média dos palestinos em Gaza […] (isso) nunca aconteceu na história humana, é inacreditável”.
O presidente da Fepal destacou que “na Palestina, nada que os sionistas façam não está visando a eliminação dos palestinos”. A atrocidade dos métodos de Israel em Gaza não tem limites: utilizam sistematicamente até mesmo o pavor do estupro para forçar a fuga dos palestinos de sua terra. No momento, há 11 brasileiros presos sendo torturados pelo estado sionista. “Isso visa despovoar a Palestina. Cada ato sionista visa alcançar o objetivo da limpeza étnica”.
Mas o mundo está com a Palestina, destaca Ualid, e afirma que boa parte da população estadunidense não votou em Kamala Harris por sua posição de apoio ao genocídio, tendo declarado que teriam votado se ela tivesse se declarado contra as políticas de Biden em Gaza. Além disso, 70% da população brasileira repudia o massacre e, pela primeira vez, o monopólio de imprensa, a rede Globo, trouxe notícias citando a Fepal.
O autor também frisou nosso papel na luta do povo palestino, apelando que “não caiamos em extremismos que vão nos afastar das grandes massas. O povo palestino precisa da solidariedade mais lúcida possível, de coragem. Nossa responsabilidade é política, ética, moral e intelectual nessa Diáspora”.
Disse também que “o povo palestino é único e ímpar, e talvez indestrutível… Tenho minhas dúvidas se outro povo resistiria com tantas coisas em contra”, e lembrou: “O que precisamos ter clareza é que apesar dos escombros e dos cadáveres, o povo palestino sairá vitorioso. O povo palestino já provou que é um povo invencível. Viva a Palestina, do Rio ao Mar, de Gaza a Galileia”.
Ao final, Ulisses Iarochinski interpretou o poema “Oliveiras da Palestina” de Marise Manoel:
“O corpo das oliveiras
sua lanugem eriçada,
carne ferida e as chagas
pilhado por mãos externas
Em colheita sinistra
até o bagaço
O fruto fendido com fúria
Seus corpos, criança, ceifados
Sob o fósforo branco
A dor das oliveiras
Lâmina aguda, invasora
Elas sangram
salitre, pólvora, amargor
insulto colonialista,
o horror, O horror!
O sabor do fruto, acetinado
Sonho, campos verdes grávidos
olivais
O retorno do pássaro branco
Em seu bico, o ramo bíblico
A promessa de paz
na terra ocupada. Livre
do extermínio e do ódio
espalha-se do Rio Ao Mar
Doce frescor
O azeite novo”
A noite foi encerrada com os gritos do cento de pessoas presentes, entoando “Do Rio Ao Mar, Palestina Livre Já!”.