Luiz Inácio costura reuniões para proteger Arthur Lira e multinacional Braskem

Lula reuniu-se com Arthur Lira e Renan Calheiros que a CPI da Braskem não afetará interesses dos parlamentares ou da grande empresa.
Lula reuniu-se com Arthur Lira e Renan Calheiros que a CPI da Braskem não afetará interesses dos parlamentares ou da grande empresa. Foto: Agência O Globo

Luiz Inácio costura reuniões para proteger Arthur Lira e multinacional Braskem

Lula reuniu-se com Arthur Lira e Renan Calheiros que a CPI da Braskem não afetará interesses dos parlamentares ou da grande empresa.

O Senado decidiu instalar no dia 12 de dezembro uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as atividades da Braskem em Alagoas. No mesmo dia da decisão do Senado, Luiz Inácio reuniu-se com Renan Calheiros (MDB-AL) e Arthur Lira (PP-AL) para tentar frear a implementação da CPI e atingir um consenso entre os parlamentares, que têm opiniões contrárias sobre as investigações: rivais em Alagoas, Lira não quer a CPI porque tem medo de resvalar nos seus laços e de seus aliados com as grandes mineradoras; já Calheiros quer explorar as investigações para favorecer aliados no estado, ao queimar os amigos de Lira. As famílias, contudo, afetadas até hoje pelo abandono forçado ou medo de soterramento pelas atividades da mineradora, foram esquecidas pelo governo e parlamentares em meio às negociações de última hora. 

O encontro reuniu também João Caldas, prefeito de Maceió e aliado de Lira, Paulo Dantas, governador de Alagoas e aliado de Calheiros, os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e Relações Institucionais, Alexandre Padilha e o senador perdido Rodrigo Cunha (Podemos-AL). O consenso da CPI só foi atingido depois que Calheiros garantiu, conforme o governo desejava, que as investigações não tocariam em Arthur Lira e nem nas operações da Braskem na Bahia ou no Rio Grande do Sul. A promessa foi importante para Luiz Inácio, que busca, ao mesmo tempo, proteger a multinacional da mineração e outros aliados da base do partido, como Jaques Wagner (PT-BA) e Rui Costa (PT-BA), que também cultivaram relações com a grande mineradora na Bahia.

Lira também deve ter ficado contente com a defesa do governo em seu favor. Recentemente, um dos aliados centrais do presidente da Câmara em Alagoas, o prefeito de Maceió, João Caldas, fechou um acordo duvidoso com a Braskem. O contrato selou um pagamento de R$ 1,7 bilhão em indenização pelos danos causados, mas presenteou a mineradora criminosa com a quitação de quaisquer outras obrigações ou danos futuros à região, além de um perdão tributário e posse das áreas afetadas.

O povo, enquanto isso, segue contando somente com as próprias forças. É inaceitável e imperdoável, apesar de não surpreendente, que o governo e parlamentares desprezem em nível tão elevado os interesses e sentimento das massas sob o terrorismo da Braskem em Alagoas. É necessário retomar os números: foram ao menos cinco bairros afetados, 60 mil pessoas que abandonaram suas casas e pertences desde 2018 e 27 famílias que receberam ordem judicial para sair de onde vivem somente no início de dezembro, em um número crescente conforme aumentam os alertas de emergência emitidos pela Defesa Civil do estado. 

Sonia Maria Vieira, moradora da região e entrevistada pelo monopólio de comunicação BBC, afirmou que “nesse período de cinco anos, desde que começou todo o problema, já tive um AVC, fui para a UTI e fiquei internada. É uma coisa desumana o que a Braskem, e agora os órgãos competentes, fazem com essas famílias. Resistimos porque as condições dadas para a saída da família não são as ideais”. Ela já não tinha nem roupas e nem documentos quando forneceu a entrevista, porque os perdeu na evacuação forçada de sua casa. 

Pichações e protestos pela cidade denunciaram a situação. Pelos bairros, palavras como Xô Braskem Assassina! Fora de Alagoas! e Fora Braskem! Pague o povo! são registradas nos muros das casas. Manifestações exigiram indenizações e projetos de atendimento aos moradores, bem como a punição da empresa. 

Mas os interesses populares não serão atendidos pelo governo. Como já prometido, a Braskem seguirá impune, e seus negócios em outros estados operarão sem interrupções (ao menos, claro, que estas sejam impostas pelas massas revoltadas). Nesse cenário, após a reunião do dia 12/12, Rui Costa ainda cacarejou a mentira deslavada que “saímos da reunião com um pacto em que todos se comprometeram a deixar eventuais disputas políticas de lado para colocar em primeiro lugar o interesse da população. As ações judiciais, a CPI, tudo estará vinculado a essa governança”. Canalhice.

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