Luiz Inácio nomeia indicado de Lira para a presidência da Caixa

Após a aprovação do projeto de taxação das offshores na Câmara, Lula consolidou a negociação com o centrão e nomeou Antônio Vieira Fernandes, economista próximo ao PP, à presidência da Caixa.
Após a aprovação do projeto de taxação das offshores na Câmara, Lula consolidou a negociação com o centrão e nomeou Antônio Vieira Fernandes, economista próximo ao PP, à presidência da Caixa. Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

Luiz Inácio nomeia indicado de Lira para a presidência da Caixa

Após a aprovação do projeto de taxação das offshores na Câmara, Lula consolidou a negociação com o centrão e nomeou Antônio Vieira Fernandes, economista próximo ao PP, à presidência da Caixa.

O presidente Luiz Inácio oficializou no dia 25 de outubro a demissão da presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, e sua substituição por Antônio Vieira Fernandes, economista ligado ao PP e indicado pessoalmente pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), ao cargo no banco estatal. 

Vieira é um velho conhecido do “Centrão”, especialmente do PP. Durante o governo Dilma, ele foi secretário executivo de uma das cabeças do partido, Aguinaldo Ribeiro, que então chefiava o Ministério das Cidades. Vieira também já cumpriu o mesmo cargo para Gilberto Occhi, também do PP, no Ministério da Integração Nacional. Segundo integrantes do partido, Vieira foi indicado por Arthur Lira antes de viajar para a Índia e a China, na semana passada, e a negociação foi consolidada essa semana. 

Tudo por voto

A nomeação não foi à toa: literalmente no mesmo dia, Arthur Lira garantiu a aprovação do projeto de lei de taxação de investimentos offshores na Câmara dos Deputados, em uma votação de toma-lá-dá-cá que encerrou com 323 votos a 119. 

Essa aprovação está sendo perseguida há meses pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como uma das “soluções miraculosas” para a inalcançável meta do “déficit zero”, e há semanas que o texto é adiado no congresso, por conta das negociações infindáveis entre o governo Luiz Inácio e o “Centrão”. Um dia antes da recente votação que aprovou o projeto, a votação foi adiada, do dia 24/10 para o dia 25/10. Antes, a votação já havia sido marcada para ocorrer no dia 18/10, mas também acabou adiada. A novela só se encerrou com a garantia do governo de que a conta (no caso, a nomeação) seria paga. 

O que vai sobrar?

E não é a primeira vez que o governo trocou cargos por votos neste ano. Após a aprovação do arcabouço fiscal e da reforma tributária, o governo entregou de bom grado os Ministérios dos Esportes, então presidido por Ana Moser, para André Fufuca, e transformou uma das secretarias do Ministério da Indústria em Desenvolvimento no novo Ministério dos Portos e Aeroportos, somente para receber o membro do Republicanos, Silvio Costa, no governo. 

Atualmente, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) também é alvo da cobiça do “Centrão”. Logo após a recriação do órgão vinculado ao Ministério da Saúde no dia 1° de junho, o governo já iniciou as rodadas de negociação para decidir quais partidos do centrão seriam agraciados com os cargos e benefícios da fundação. Até agora, nada foi decidido, mas a disputa está acirrada entre o Republicanos, o PSD e o União Brasil. 

Só se passaram dez meses de gerência, mas o governo já se encontra com margens cada vez mais estreitas de negociação. As cartas mais importantes do baralho foram lançadas. E, até agora, pouco se conseguiu. O “marco temporal”, por exemplo, foi aprovado com longa margem pelo Congresso e Senado, independente das entregas. O que mais o governo está disposto a entregar e esfacelar, em troca de migalhas ou mesmo nenhuma garantia?

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