Luiz Inácio quer enriquecer grandes empreiteiras com investimentos em países africanos

Lula promete reedição das políticas de "investimento" em Angola. Nos governos passados, as medidas ficaram conhecidas pelo enriquecimento esdrúxulo de grandes empreiteiras e pela exploração dos trabalhadores africanos.
Magnatas de grandes empreiteiras se preparam para solicitar crédito milionário ao governo. Foto: Ricardo Stuckert

Luiz Inácio quer enriquecer grandes empreiteiras com investimentos em países africanos

Lula promete reedição das políticas de "investimento" em Angola. Nos governos passados, as medidas ficaram conhecidas pelo enriquecimento esdrúxulo de grandes empreiteiras e pela exploração dos trabalhadores africanos.

Em visita a Angola no dia 25 de agosto, Luiz Inácio prometeu “voltar a investir” no país africano. O discurso atraiu grande interesse de CEOs, como a Novonor, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão, que reuniram-se no mesmo dia com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo o monopólio de imprensa Estado de São Paulo, os magnatas comentaram com diplomatas brasileiros que pretendem conseguir ao menos R$ 488,17 milhões em linha de crédito para construção de prédios e obras de infraestrutura.

O discurso de “investimentos” no continente africano não é novidade para Luiz Inácio, que trata da necessidade de “reaproximação” com a África desde o início do mandato. A “nova” política de Luiz Inácio é a repetição do mesmo aplicado nos seus primeiros mandatos, quando grandes empresas não-estatais (capital privado), que possuem financiamento do velho Estado brasileiro, alcançaram um enriquecimento esdrúxulo com base na expansão de suas transações e operações para outros países, sobretudo da África e América Latina.

Esse enriquecimento foi baseado na exploração das massas de trabalhadores africanos, que nada ganharam como parte do “desenvolvimento”. Até o ano passado, trabalhadores africanos ainda protestavam contra a falta de garantias de trabalho nas empresas brasileiras. A Vale, por exemplo, foi alvo de protestos em maio de 2022 após vender uma área de mineração sem aviso prévio e sem dar satisfação sobre o futuro dos trabalhadores. A mesma empresa já havia sido alvo de protestos na mesma região pelo despejo de camponeses. Luiz Inácio, além de demonstrar que não tem contradições com as riquezas geradas pela exploração do povo africano, ainda teve a infelicidade de afirmar que tem “profunda gratidão ao continente africano por tudo que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso país”. A declaração foi dada em Cabo Verde, em julho deste ano, e gerou protestos mesmo entre ministros do governo, que afirmaram ser “mal colocada”.

Demagogia em solo africano

A viagem de Luiz Inácio a Angola ocorreu na esteira do encontro dos Brics, realizado entre os dias 25/08 e 26/08 e na antessala da Cúpula dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que ocorreu no dia 27/08. A participação brasileira nos diversos encontros destacou-se pela demagogia em torno dos discursos “anti-coloniais” e do “Sul Global”. Na cúpula da CPLP, Luiz Inácio afirmou que: “Temos de evitar o neocolonialismo, que leva a um novo ciclo de exploração predatória”. Já em Angola, Lula declarou que: “Muitas vezes por ignorância acham que fazer negócio com países ricos é muito melhor, mas países ricos querem exportar produtos manufaturados e importar de nós somente commodities”.

É claro que tudo não passou de demagogia sem consequências práticas. Nos oito primeiros meses de mandato, Luiz Inácio não se esforçou para mudar a realidade semicolonial do Brasil, de exportadora de commodities, sobretudo de produtos agrícolas de baixo valor agregado – vide o plano Safra, que destinará R$ 240 bilhões em verbas públicas para o latifúndio. 

Já durante toda a cúpula dos Brics, Luiz Inácio foi extremamente cauteloso para não chocar-se com os interesses do social-imperialismo chinês, sobretudo no que tangia à entrada de novos membros. A postura inicial de Luiz Inácio, de uma abertura reservada do bloco, terminou subjugada à da China, que busca ampliar suas capacidades de influência e dominação em diferentes países, sobretudo do Oriente Médio. O bloco agora conta com seis novos membros, sendo eles a Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Egito e Argentina.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: