Luiz Inácio (PT) demitiu ontem (25/2) a ministra da Saúde Nísia Trindade, em uma decisão já prevista e que é resultado da pressão, pelo “centrão”, de uma reforma ministerial no governo. Nísia foi demitida para que Luiz Inácio pudesse transferir Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), para a pasta da Saúde e escolher um novo nome para a SRI.
Antes da demissão, Luiz Inácio tinha pressionado Nísia para concretizar algumas das exigências do governo, mas tudo indica que as cobranças do mandatário foram um pretexto para demitir a ministra sem deixar escancarado que se tratou de uma dispensa para negociar a SRI.
Tanto é que, mesmo com indícios de apadrinhamento no Ministério da Saúde desde o início de 2024, Luiz Inácio não tinha cogitado uma demissão da chefe da pasta até a pressão para uma nova reforma ministerial.
‘Centrão’ assanhado
Os parlamentares do “centrão” acompanharam a demissão de perto e já indicam que querem um dos seus no cargo anteriormente ocupado por Padilha. Um dos mais cotados para assumir é Isnaldo Bulhões Jr. (MDB), segundo informações do jornal monopolista O Globo.
O próprio Padilha quer que um nome associado ao “centrão” assuma, como o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) ou Antonio Brito (PSD-BA).
São planos bem diferentes do que espera a cúpula do PT, que quer o líder do governo na Câmara, José Guimarães, no Senado, Jaques Wagner, ou a presidente do partido, Gleise Hoffmann, no cargo.
O governo está em poucas condições de negociar. O “centrão” quer aproveitar o momento de queda abrupta na popularidade do governo para aumentar as chantagens cobradas em troca da aprovação de projetos do governo no Congresso e da manutenção da já quase inexistente estabilidade do governo.
A SRI é um posto importante para o “centrão” porque atua na relação do presidente com outras esferas do governo, além de manejar a liberação de emendas para os parlamentares.
É provável que, em breve, outros ministros sejam substituídos como parte da reforma ministerial exigida pelo central. De acordo com informações que circulam no monopólio de imprensa, uma delas pode ser a troca do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, pelo ex-presidente da Câmara, o latifundista Arthur Lira (PP-AL).