Na manhã do dia 20 de outubro, estudantes da ocupação do prédio da reitoria da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) realizaram um protesto contra a injusta ordem de despejo a favor da reitoria de Natalino Salgado, determinada no dia 18 pelo Poder Judiciário Federal do Maranhão. O evento aconteceu no mesmo dia em que estava determinado o prazo para a reintegração de posse.
Demonstrando combatividade e firmeza na defesa de suas demandas, a comunidade universitária da UFMA mobilizou-se no local e confrontou a decisão arbitrária, que representa uma clara tentativa de sufocar a luta estudantil e o livre direito de manifestação, com o aval das instituições do velho Estado.
Uma vitória da mobilização estudantil
O ato contou com grande apoio dos estudantes, diferentes movimentos sociais, professores e outros trabalhadores. Aqueles que assumiram o microfone deixaram claro os motivos pelos quais a luta estudantil precisava continuar firme e independente: “Natalino covarde”, “Nem sucateamento, nem privatização”, “Viva o movimento estudantil combativo”, foram algumas das palavras de ordem puxadas pelo público.
Os estudantes também foram agraciados com a presença da importante liderança camponesa Luiz Vila Nova, que veio desde o interior do estado para resistir à ocupação, o que inspirou ainda mais a luta dos que estavam presentes. Luiz Vila Nova é famoso por ser o compositor de “O risco”, canção entoada pelo movimento camponês em todo o País. No ato, Vila Nova falou que, no momento em que a luta pela terra estava num período de grande confrontação nos anos 80, os estudantes da UFMA se mobilizaram em defesa dos camponeses – e ali ele se colocava para “retribuir o apoio”.
Para o ativista do Coletivo Estudantil Filhos do Povo (CEFP), a luta combativa tem mostrado seus resultados: “O movimento estudantil independente interveio como um fator de direcionamento para a ocupação, porque entendeu a tendência geral da sociedade, a nível nacional e regional, de romper com o imobilismo dentro do movimento estudantil e fazer com que as pautas fossem se desenvolvendo e ganhassem saltos de qualidade. Aquilo que começou com as demandas da casa estudantil rapidamente tomou uma proporção de toda a universidade”.
Ao final do dia, a resistência da comunidade universitária se mostrou extremamente vitoriosa, ao conquistarem na justiça uma audiência de conciliação, prevista para acontecer no dia 26 de outubro, à qual a reitoria de Natalino Salgado foi intimada a comparecer para ouvir as demandas dos estudantes. A reitoria, no entanto, mantém sua posição retrógrada, comunicando através dos meios oficiais da UFMA, assim como na imprensa, que espera que a reintegração de posse aconteça antes da data da audiência. Os fatos, no entanto, mostram que apenas a afirmação de um novo movimento estudantil, combativo e classista, é capaz de mudar a realidade atual da universidade.