MA: Camponês é assassinado por pistoleiros em Arari

MA: Camponês é assassinado por pistoleiros em Arari

Antônio Gonçalo Diniz, camponês de Arari é assassinado a mando do latifúndio. Foto: Fóruns e redes de cidadania do Maranhão

No dia 02 de julho dois pistoleiros a mando do latifúndio assassinaram com um tiro na cabeça o camponês Antônio Gonçalo Diniz, 70 anos. O crime ocorreu no bairro Perimirim, município de Arari, na baixada Maranhense.  

Na tarde de sexta-feira os pistoleiros com uma moto CG vermelha chegaram em uma oficina e perguntaram sobre peças de moto com intuito de distrair a testemunha do local. Em frente ao estabelecimento encontrava-se o senhor Antônio que aguardava sentado à espera da conclusão da lavagem de sua moto, quando foi atingido e, sem ter a chance de se defender, faleceu no local.

Antônio, camponês ativo na luta pela terra era contra o cercamento ilegal promovido pelos latifundiários nos campos públicos e do extermínio dos porcos dos lavradores. Em decorrência de sua participação na luta, foi apontado em ações possessórias promovidas por latifundiários e respondeu a um inquérito criminal promovido pelo delegado Alcides Martins Nunes Neto.

Há tempos camponeses moradores das comunidades tradicionais têm denunciado o conflito agrário que é de conhecimento público das autoridades de Arari e do estado do Maranhão, governado por Flávio Dino (antes no PCdoB, agora por uma jogada eleitoreira, filiou-se ao PSB). Os reacionários nada têm feito. 

Em menos de dois anos, três camponeses foram assassinados na cidade e segue impune os crimes e assassinatos na comunidade.

Outros crimes contra camponeses ocorreram em junho no Maranhão

No dia 18 de junho, um casal de camponeses identificados como Reginaldo e Maria da Luz Benício de França, foram assassinados. A mulher era suplente da direção do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadores Rurais (STTR). O duplo homicídio aconteceu nas proximidades da Comunidade Vilela, em Junco do Maranhão, há 258 km de São Luís.

Na cena do crime foi encontrada ensanguentada a criança de colo filha do casal, que ficou em cima do corpo da mãe durante horas. Reginaldo também teve os braços quebrados. Esse crime totaliza o quinto assassinato na região do conflito nos últimos dois anos. Ao todo foram quatro homens e uma mulher assassinados no contexto de luta pela terra.

Reginaldo e Maria da Luz, casal camponês de Junco do Maranhão é assassinado a mando do latifúndio. Foto: Fóruns e redes de cidadania do Maranhão

O povoado de Vilela, onde ocorreram os crimes, é conhecido na região como Gleba Campina. É constituído de cerca de 2,2 mil hectares onde residem aproximadamente 100 famílias há mais de 20 anos. Os camponeses vivem há 10 anos sob ameaças de um suposto proprietário. O latifundiário que alega ser o dono legítimo solicitou na Justiça a desapropriação das terras. Mas, segundo o promotor de Justiça, Haroldo Paiva, na documentação há indícios desta fraude, o que coloca o processo em dúvida, porém este se arrasta na burocracia do velho Estado.

Enquanto isso, a população fica refém da decisão do judiciário e espera viver e plantar em suas terras com segurança ao mesmo tempo que vive sob o medo constante, por conta das ações de destruição das plantações e propriedades dos camponeses, feitas por ordem do latifundiário.

Moradores da comunidade de Gostoso resistem em defesa de seu território, sob ameaças de morte 

Também no mês de junho, outros camponeses maranhenses foram ameaçados de morte. No dia 26/06, em vídeo, moradores da Comunidade de Gostoso , registraram e denunciaram a presença de dois tratores da Empresa Costa Pinto, além de dois pistoleiros que ameaçavam constantemente os camponeses com intuito de intimidá-los e seguirem com o processo de desmatamento no território tradicional. Porém, foram rechaçados pelas famílias.

Os pistoleiros a todo momento mostravam o cabo da arma e ameaçavam dizendo que iriam atirar se não houvesse “cooperação”, denuncia um morador do território. Com bravura, cerca de 40 pessoas que vivem na comunidade, entre crianças, adultos e idosos, se posicionam em frente aos tratores para deter o andamento das máquinas e evitando a devastação dos campos.

Há décadas as famílias são ameaçadas pela empresa Costa Pinto que, de acordo com denúncia está invadindo o território para o cultivo da monocultura da cana-de-açúcar, e segundo a Comissão Pastoral da Terra conta com o apoio da administração municipal sob a alegação que o latifúndio estaria gerando empregos. Na verdade, segundo os camponeses, o que fazem é empurrar as famílias para a miséria das periferias como ocorreu com diversas outras famílias em luta contra este mesmo latifúndio. 

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