No mês passado, famílias do acampamento Salete Moreno, localizado em Itinga do Maranhão, foram surpreendidas pela entrada de policiais militares em seu território. De acordo com nota publicada pelo Comitê de Solidariedade à Luta pela Terra (Comsolute), os moradores denunciaram a agressão durante abordagem que mobilizou cerca de cinco viaturas para adentrar o acampamento sem apresentar ordem judicial, em flagrante ilegalidade.
Todos os detidos já estão em liberdade. O portal “Agência Tambor” publicou uma notícia com as informações.
Segundo informações das famílias, os detidos permaneceram na Unidade Prisional de Açailândia durante dois dias, em situação de descaso, em celas sem cama, colchões, comida ou água à disposição. Eles foram forçados a dormir no chão, com a presença de urina e ratos.
A ação policial deixou o latifúndio local alerta, sentindo-se respaldado para intimidar os assentados. Em trocas de mensagens, demonstram confiança quanto ao apoio da polícia para a coação e retirada das assentados da área, em uma possível investida: “A polícia vai entrar, já solicitamos os ônibus. A polícia vai entrar com os ônibus para fazer a retirada. Então, gente, temos que nos unir”.
Cerca de 100 famílias do acampamento passaram a ocupar a área que compreende as Fazendas União e Amaralina uma semana antes do ocorrido, durante a Jornada de Lutas por Alimentos Saudáveis e pela Reforma Agrária. Segundo o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o território pertence à União e deve ser destinado à reforma agrária.
Manoel Alessandro, um dos moradores da comunidade, afirmou que a terra é pública. “O Incra já manifestou, inclusive, o seu interesse nas terras para fins de reforma agrária”, disse Manoel. Ele também falou que a comunidade está organizada. “Vamos resistir e lutar por nossos direitos. O clima é tenso. A nossa apreensão é grande com tanta violência. Mas, não vamos desistir”, assegurou.
Os trabalhadores também denunciam que integrantes do movimento Invasão Zero, destinado à “proteção” de propriedades rurais, estão organizados e agindo violentamente, com apoio do aparato de segurança do Estado do Maranhão.
O governo do Maranhão se posicionou sobre o caso, por meio da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) e da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-MA), alegando que está apurando as denúncias e monitorando a ocorrência no acampamento Salete Moreno. A superintendência Regional do Incra no Maranhão publicou nota de repúdio à “ação repressiva contra os movimentos sociais”.