A cidade de Capinzal do Norte, no interior do Maranhão, recebeu R$ 10 milhões por meio de emendas parlamentares do chamado “orçamento secreto” entre 2019 e 2022. Apesar do valor, nada se alterou na vida das massas: a cidade, conhecida como a “cidade onde ninguém nasce” devido à ausência de estrutura hospitalar para neonatal há dez anos, continua sem unidades hospitalares deste tipo. A educação, também, apresenta índices miseráveis de investimentos.
Além do montante dos esquemas, a cidade recebeu R$ 3 milhões de royalties da produção de gás somente nos seis primeiros meses de 2023, valor que também não foi revertido na melhoria das condições de vida do povo.
Os “recursos públicos” e a miséria do povo
A situação grotesca do povo de Capinzal contrasta gravemente com as quantias liberadas pelo Congresso para a compra de parlamentares. Exemplo amplamente conhecido é o caso das gestantes, que, sem acesso a hospitais neonatais na própria cidade, precisam viajar cerca de 80 quilômetros para serem atendidas em hospitais vizinhos.
Além da condição precária da saúde, são vários os índices que indicam falta de investimentos na educação: somente 4% das escolas da cidade possuem laboratório de ciências ou informática, 12% possuem bibliotecas e 8% quadra de esportes. No caso específico das escolas públicas, mais de 30% das escolas não tem água tratada, enquanto mais de 50% não possuem rede de esgoto.
São casos que escancaram a face vil do velho Estado brasileiro, que promove sistematicamente a miséria e carestia de vida das massas ao tempo que conduz esquemas milionários como parte das negociatas entre as classes dominantes (compra de parlamentares, prefeituras, etc.).
Soma-se a isto a exploração das riquezas naturais por um punhado de empresas imperialistas e monopólios locais subservientes ao mesmo imperialismo. No caso de Capinzal do Norte, a rica reserva de aproximadamente 15 trilhões de m³ de gás é explorada principalmente pelo monopólio energético Eneva, ligado à família Moreira Salles, do Banco Itaú.
Situação se repete em todo o estado
A situação absurda de Capinzal do Norte se repete em todo o estado. Em 2022, Maranhão recebeu ao menos R$ 778,49 milhões em emendas parlamentares destinados às prefeituras e empresas do estado. O valor o colocou como líder, junto a Minas Gerais, na quantia de verbas recebidas pelo “orçamento secreto” naquele ano. Quando considerado o valor desde 2020, o montante chega a R$ 26 bilhões, dos quais R$ 1,3 bilhão foram destinados às prefeituras.
Ainda que com todos esses “recursos”, o Maranhão segue sendo o estado com maior número de habitantes em situação de miséria; a exemplo das imagens disponibilizadas pela investigação do monopólio de imprensa Globo, de uma paciente no pós-cirúrgico sendo transportada para Capinzal desde uma cidade vizinha carregada numa rede, pela falta de infraestrutura para as ambulâncias. Tal realidade é expressão fiel da crise econômica, política e social do capitalismo burocrático em nosso país.
