Janildo Oliveira Guajajara e Jael Carlos Miranda Guajajara. Foto: Reprodução.
Dois indígenas da etnia guajajara, Janildo Oliveira Guajajara e Jael Carlos Miranda Guajajara, foram assassinados na madrugada do dia 3 de agosto nas redondezas da Terra Indígena (TI) Arariboia, no Maranhão. Um terceiro indígena que estava acompanhando Janildo também foi baleado e está internado.
Segundo denunciam os indígenas, os ataques foram realizados por madeireiros da região. No primeiro deles, Janildo, membro do grupo Guardiões da Floresta desde 2018, foi emboscado junto ao seu sobrinho menor de idade e assassinado covardemente com tiros nas costas em Amarante do Maranhão. Segundo a Associação Ka’a Iwar dos Guardiões da Floresta da TI Arariboia, Janildo atuava em uma aldeia próxima a uma estrada aberta por grandes madeireiros e posteriormente fechada pelos indígenas. Já Jael Carlos Miranda Guajajara morreu após ser propositalmente atropelado por homens do mesmo bando em Arame.
Os assassinatos ocorreram no mesmo fim de semana em que Gustavo Silva da Conceição, um indígena pataxó de 14 anos, foi assassinado por pistoleiros na Aldeia Alegria Nova, no TI Comexatiba, na Bahia, e expressam a agudização dos conflitos no campo. Segundo o relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, lançado em agosto pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), é o sexto ano consecutivo de aumento na quantidade de assassinatos contra povos indígenas. Quanto aos guajajaras, entre 2003 e 2021 foram registrados 50 assassinatos de indígenas deste povo no Maranhão. Destes, 21 eram da TI Arariboia.
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INDÍGENAS DO MARANHÃO ORGANIZAM SUA AUTODEFESA
Para se defender dos sucessivos ataques dos grileiros, mineradoras, grandes madeireiros e máfias de garimpeiros, todos financiados e organizados por grandes latifundiários e deputados reacionários, e para realizar a proteção dos TI da floresta amazônica maranhense, os povos Guajajara, Awá-Guajá e Kaapor conformaram o grupo Guardiões da Floresta.
Em carta intitulada “Se a nossa terra, a nossa floresta sumir, o que vai ser do meu povo?”, publicada em 2021, afirmaram: “Nós vamos continuar lutando mesmo sem apoio do Governo. Nós vamos lutar até o fim. Até o fim. Enquanto existir uma criancinha que nós podemos defender, nós estaremos lá.”.
OS POVOS INDÍGENAS, CAMPONESES POBRES, QUILOMBOLAS E DEMAIS MASSAS POPULARES TÊM INIMIGO COMUM
A Liga dos Camponeses Pobres (LCP), movimento de massas camponesas que luta pela Revolução Agrária, sustenta em seu programa agrário o direito inalienável à autodeterminação dos povos indígenas. O movimento afirma em nota originalmente publicada no portal Resistência Camponesa que “a luta das Ligas de Camponeses Pobres que se inicia com a luta pela conquista da terra, pela Revolução Agrária e destruição do latifúndio, e a luta dos povos indígenas têm o mesmo inimigo comum e imediato: os latifundiários.”.
A nota segue: “Os latifundiários, estes sim os verdadeiros ladrões de terra, maiores exploradores e genocidas, classe que é enaltecida pela publicidade da rede globo, mas que é a principal responsável pelo atraso e infelicidade dos povos indígenas, quilombolas, camponeses e demais pobres do campo e cidade.”.