Na última semana do mês de setembro, houve uma visita do Fórum Carajás, com a participação de indígenas e quilombolas de outros estados, para divulgar a situação e promover um ato cujo foco foi a denúncia dos impactos causados pela Suzano. Há mais de 20 anos, as famílias do acampamento Viva Deus, entre outros acampamentos, reivindicam a desapropriação da Fazenda Eldorado, em Imperatriz (MA). Em 2014, já eram 110 famílias vivendo à beira da Estrada do Arroz, entre os municípios de Imperatriz e Cidelândia, quando foi assinado um decreto de desapropriação (para fins de “reforma agrária”) de 3.000 hectares dos 12 mil da Fazenda Eldorado pelo governo Dilma, no dia 30 de dezembro de 2014.
Ao contrário do que se imagina, hoje, quase dez anos após a desapropriação, que só existiu no papel, a situação não melhorou para as famílias do acampamento, que vivem em casas de palha e taipa, sem energia elétrica, água potável, posto de saúde e escola.
Na década de 1990, a VALE, em joint venture com o capital japonês, planejava a construção de uma fábrica de celulose na região. O projeto não deu certo, e a VALE assumiu a área por meio da Ferro Gusa Carajás, uma empresa siderúrgica, fruto da parceria entre a Companhia Vale do Rio Doce e a norte-americana Nucor Corporation. A área servia para o plantio de eucalipto destinado à produção de carvão.
A fazenda foi inicialmente considerada improdutiva, conforme perícia do INCRA. A vistoria feita para a desapropriação dos 3 mil hectares foi questionada pela VALE, que solicitou uma nova vistoria. Entra em cena, então, a empresa Suzano Papel e Celulose, à qual a VALE repassou a área, para que a Suzano plantasse eucalipto. Em nova vistoria após o repasse, a área foi considerada produtiva.
Nos últimos anos, as comunidades que vivem nesta situação, descrita anteriormente, e que têm como forma de subsistência a extração do açaí e do coco babaçu há décadas, também enfrentaram ataques de bandoleiros armados, incêndios criminosos e venda de terrenos por terceiros. Além disso, os moradores foram cobrados pela energia elétrica e sofreram ameaças para que pagassem os criminosos.