Moradores das aldeias Esperança e Araruna, localizadas no perímetro do município de Itaipava do Grajaú (MA), denunciam falta de medicamentos e acompanhamento clínico para o controle do surto de escabiose na região, também conhecida como sarna humana, diagnosticada em ao menos 30 adultos e 11 crianças somente na aldeia Araruna. De acordo com informações divulgadas pelo portal independente Agência Pública, o líder indígena Fábio Timbira, da aldeia Esperança, relata que há cinco meses a escabiose tem sido um problema sério na região, com os primeiros casos registrados desde novembro do ano passado.
Somente na aldeia Esperança, localizada na Terra Indígena (TI) Geralda Toco Preto, e na aldeia Araruna, localizada na TI Urucu-Juruá, há mais de 400 indígenas que não possuem direito a atendimento médico. Sem postos de saúde dentro das TIs, a única forma desses povos serem atendidos por profissionais de saúde é cruzando um trajeto de 30km uma estrada precária e de difícil acesso até o centro urbano. Na aldeia esperança cerca de 350 indígenas do povo Kreepym-Katejê habitam três aldeias distintas. Já na Araruna, são 85 indígenas do povo Guajajara.
Negligência do velho estado
As famílias indígenas denunciam que a ação promovida pela Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) no combate ao surto foi insuficiente. As denúncias apontam que, devido a precariedade do serviço, os agentes não conseguiram passar tempo suficiente no local e, por isso, não atenderam todas as famílias e nem conseguiram dar orientações suficientes acerca da prevenção. Em 2023, o orçamento do governo federal para a Saúde Indígena foi o menor dos últimos dez anos, com uma queda de 24%.
Outra demanda levantada pelos moradores das aldeias Esperança e Araruna diz respeito ao abastecimento de água potável e à melhoria das estradas, pela recorrência dos atrasos do caminhão-pipa fornecido pela Sesai, que se justifica afirmando que as estradas são intrafegáveis em períodos chuvosos. Tais condições sanitárias e infraestruturais apenas agravam o sério problema de saúde que tem alarmado as famílias dos territórios indígenas Geralda Toco Preto e Urucu-Juruá.