Com informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
Os krenyê ocuparam uma área de 8 mil hectares no dia 23 de fevereiro, no município de Tuntum, no Maranhão.
Cansados de serem confinados em exíguas extensões de terras em reservas ou nas periferias urbanas dos municípios de Barra do Corda, Buriticupu e Santa Inês, além da inoperância da Fundação Nacional do Índio (Funai), os krenyê resolveram ocupar a área onde a Funai deveria criar uma reserva indígena.
A área ocupada pertence ao grupo empresarial SC Agro Florestal, que manifestou interesse em vender a propriedade avaliada em R$ 14 milhões. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) já vistoriou o local e liberou a compra das terras, mas a Funai ainda não liberou a verba para a sua aquisição.
“A Funai fez um compromisso e não cumpriu, se a gente tivesse esperando a gente teria morrido. Nós não precisamos de cesta básica. A gente precisa da terra. Esse pensamento de ocupar é porque a gente não suporta mais. São 80 anos de perambulação em outras comunidades, em outros territórios. A Funai sabe que a gente existe”, explicou a liderança Côr-teteto Krenyê em entrevista ao Cimi. E finalizou: “A gente já tá dentro da terra e não sai mais, só se matarem a gente. Esse é um direito nosso”.
“Precisamos sair destes lugares onde atualmente estamos para povoar uma área que possamos viver tradicionalmente como caçadores e coletores, partilhando coletivamente um lugar para o exercício das manifestações culturais e que garanta a segurança de tudo o que a gente precisa”, frisou Raimundo Krenyê em entrevista a mesma entidade.
A ocupação dos krenyê conta com a solidariedade de outros povos indígenas como os gamela e guajajara, camponeses, remanescentes quilombolas, quebradeiras de coco e pescadores.
“O Estado, de forma racista, sempre tem dinheiro para apoiar o agronegócio, mas alega não ter quando se trata de apoiar os povos indígenas e comunidades tradicionais”, denunciou a missionária do Cimi Maranhão, Meire Diniz, que apoia a luta dos krenyê há quinze anos.
As denúncias dos indígenas podem ser vistas em vídeo produzido pelo Cimi.