Mais de 4 mil famílias estão sem água potável nas torneiras há cerca de seis meses, após o rompimento da barragem de rejeitos de minério da mineradora canadense Equinox Gold, que aconteceu no dia 25 de março, no distrito de Aurizona, em Godofredo Viana (MA).
O rompimento da barragem atingiu a Lagoa Pirocaua e envenenou todo o reservatório de captação de água do município. Esse rompimento impediu o fornecimento para os moradores de todo o distrito.
Frente a esta situação, a mineradora foi obrigada pela justiça a fornecer água para a população local. Segundo o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), segue fazendo sua captação nesse mesmo reservatório contaminado por lama tóxica, distribuindo à população, colocando em risco a saúde dos moradores.
Moradores de Aurizona protestam contra mineradora depois de rompimento criminoso de barragem. Foto: MAB
A luta da população por água potável
Os moradores têm se organizado para garantir o direito à água potável de maneira permanente para o uso diário. No dia 25 de abril, dezenas de moradores realizaram um protesto exigindo a melhoria imediata do fornecimento de água e denunciando que ficaram 30 dias sem acesso à água potável. A Polícia Militar (PM), esteve no local, prendeu de maneira truculenta Maria Aldineia e Maria Valdiene que participavam da manifestação.
Após esse fato, a mineradora promoveu uma ação judicial contra a liderança da comunidade como também de alguns integrantes do MAB. A medida busca impedir as massas da comunidade de realizarem protestos exigindo o direito de ter acesso à água potável.
Compreenda melhor o caso
Segundo a MAB a barragem que se rompeu é de responsabilidade da Equinox Gold, empresa privada canadense que atua em quatro estados brasileiros e também em países como Estados Unidos e México. Nessa área de 500 hectares concedida à empresa estão instaladas várias barragens, sendo a principal delas a barragem do Vené, uma barragem de rejeitos provenientes das operações de diversas minas a céu aberto. Entre as minas exploradas estão a Piaba e a Tatajuba, onde já foram descobertas 750 mil toneladas de ouro estocado, gerando uma estimativa de 1 bilhão de reais ao ano.
Desde a instalação da mineradora os moradores que viviam da caça, pesca e de pequenas plantações sofreram com a alteração de todo o seu modo de vida. Criminalizados através de vias judiciais pela empresa, os trabalhadores são proibidos de exercer atividades como a extração de caranguejos nos manguezais ou colher açaí, macaba, entre outros frutos, sob o risco de serem denunciados. Além disso, as explosões de dinamites da mineradora causaram cerca de quarenta rachaduras.
Em nota emitida no dia 08 de abril, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA), alegou que a causa do rompimento da Lagoa do Pirocaua não foi apenas o intenso volume de chuva, mas em decorrência da existência de uma outra cava de mineração que servia como reservatório de água pluvial. O órgão ressaltou ainda: “Estamos em luta de classes, sabemos que a empresa continuará negando, omitindo e manipulando os dados e os fatos da realidade, na tentativa desesperada de limpar sua imagem perante o imperialismo global assim como perante toda a sociedade”.