A ocupação da reitoria da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) por estudantes
independentes, que resistiu combativamente durante um mês a tentativas de desmobilização,
criminalização e ataques de diversos tipos, conquistou, em audiência de negociação realizada
na última quinta-feira (26/10) no Tribunal de Justiça, o compromisso da efetivação de todas as
demandas levantadas pelos estudantes, sem exceção.
Entre elas, a reforma da Residência Estudantil, o pedido por ampliação do horário do
Restaurante Universitário para os alunos do turno noturno e disponibilização de café da
manhã, o aumento da frota do ônibus circular do campus, a ampliação da iluminação noturna,
melhorias na infraestrutura da universidade, entre outras. Consta em ata, além do prazo para a
realização das demandas, que esta será acompanhada por um grupo de trabalho do qual os
estudantes fazem parte, numa comissão, para garantir a continuidade do trabalho até que as
melhorias, de fato, ocorram.
Somente após a garantia da realização de suas demandas de maneira completa, os estudantes
encerraram a ocupação, demonstrando à comunidade universitária o valor desta forma de luta.
A reitoria, que até então negava-se de maneira reiterada a negociar com a ocupação, foi
convocada judicialmente à audiência, com os estudantes arrancando o seu compromisso
formal.
Em nota publicada no Instagram @ocupaufma, os estudantes afirmam: “Sabemos que a
reunião de negociação não é, por si, a realização total de nossas demandas, mas é um novo
período de lutas que se abre para que o movimento estudantil independente siga pressionando
por melhorias na Universidade e expandindo suas pautas e reivindicações (…) A universidade
pede por um novo movimento estudantil: que lute de maneira intransigente para que se dê um
basta nessa situação e construa uma universidade pública, gratuita e à serviço do povo!”
Ocupar, resistir!
Em entrevista concedida ao Comitê de Apoio ao AND – São Luís (MA), o estudante e ativista
do Coletivo Estudantil Filhos do Povo (CEFP) avalia que “a ocupação serviu para romper
com o imobilismo de movimentos estudantis oportunistas e mostrar que a organização
independente, classista e combativa dos estudantes vingou na UFMA e tem a possibilidade de
articular as demandas específicas das massas, sendo a ocupação a forma mais elevada de
luta”.
Através da ocupação, a mobilização estudantil foi capaz de vencer todos os ataques da reitoria
– que contou com uma incursão da Polícia Federal sem apresentar mandado nem
identificação, e, ainda, com um pedido de reintegração de posse tratava os estudantes como
criminosos comuns – e impediu que a mesma reintegração acontecesse, com um grande ato
político no dia marcado.
em que ocorreria a reintegração de posse. Foto: Pedro Emanoel (@pedro_emanoel96)
Leia também: MA: Ato político da ocupação mobiliza comunidade universitária da UFMA contra repressão
Mobilizando estudantes, professores e funcionários da UFMA, a ocupação manteve o prédio
da reitoria operante, com programação de aulas de diversas turmas, além de palestras e
oficinas, colocando aquele espaço em serviço da comunidade. Como expressão desse apelo, a
ocupação foi objeto da realização de um laboratório do curso de Jornalismo, que produziu a
segunda edição do jornal “O Fatorial” focada nesse acontecimento, disponível no link.
Para o ativista do CEFP, “a ocupação é uma demonstração da capacidade de mobilização dos
estudantes, se auto-organizando em comissões de trabalho, criando condições de manutenção
do espaço com formação política contínua.”