No dia 17 de janeiro, depois de várias petições, requerimentos, manifestações e de resistirem a todo tipo de crimes do latifúndio numa luta prolongada, os posseiros da Gleba Campina e das demais comunidades afetadas, através de ação ajuizada pelo Ministério Público, conquistaram uma Decisão Liminar de bloqueio de matrículas de imóveis da suposta “Fazenda Santa Érica”, matrículas oriundas de fraude amplamente denunciada e que se sobrepõe à área dos lotes de centenas de famílias.
A Fazenda Santa Érica é há meses um palco de luta entre posseiros que lutam pelo seu justo direito à terra, de um lado, e bandos de latifundiários, pistoleiros e grileiros que degladiam-se entre si, de outro. Em outubro de 2023, em meio a uma rixa pela compra da suposta “Fazenda Santa Érica”, os grileiros retomaram a sede da fazenda expulsando o gerente de um suposto comprador das terras e instalando ali 8 pistoleiros bem armados. Não por coincidência, logo em seguida um juiz substituto da Vara Agrária do Tribunal de Justiça do Maranhão lhes deu imediatamente “ganho de causa” em um processo que se arrastava há 10 anos, no qual os camponeses nunca foram sequer ouvidos.
As famílias imediatamente protestaram contra as novas agressões dos pistoleiros, bem como contra a absurda decisão judicial. Fecharam por horas a BR-381, ocasião na qual foram novamente atacadas. Um homem disparou tiros de pistola contra os manifestantes, chegando a atingir a mão de um trabalhador (que veio a perder um dedo). O sujeito só não consumou a tentativa de assassinato por conta de uma falha na ciclagem da arma. As massas responderam a essa tentativa de assassinato de forma enérgica, golpeando e imobilizando o elemento, que depois veio a se saber, era um policial militar.
Diante da perseguição da polícia contra os trabalhadores depois desse ato de legítima defesa, um novo protesto foi realizado no dia 15 de dezembro, contando com o apoio de vários povoados e comunidades ribeirinhas, acossados agora tanto pelos pistoleiros quanto pelas polícias.
Mais recentemente, no último dia 02 de janeiro, dois pistoleiros (guardas municipais prestando “serviço de vigilância” aos grileiros) foram encontrados mortos na área. Apesar das sabidas divergências entre os negociadores do espólio fraudulento e das agressões indiscriminadas dos pistoleiros contra os vários vizinhos (sabotagens e ameças de todo tipo, registradas diariamente durante todo o mês de dezembro) a polícia insiste em querer incriminar os posseiros da Campina.
Ativistas da região destacam que a raríssima medida do judiciário em favor das comunidades tem grande relevância política para a luta pela terra em todo o Estado, pois se dá em meio a uma brutal ofensiva do latifúndio sobre as posses camponesas.