Sofrendo ameaças do latifúndio, os moradores do quilombo Cancela, de São Benedito do Rio Preto, estão sendo impedidos de exercer as atividades fundamentais para sua subsistência: de plantar e de colher o que já foi plantado, e de extrair o coco babaçu, fonte fundamental de renda.
O território ainda não é certificado pela fundação Palmares e o latifúndio conta com o apoio da Vara Agrária do velho Estado, que concedeu uma decisão liminar em favor de um latifundiário de Minas Gerais de nome João Pedro Fernandes Guerra.
Com as fontes de renda comprometidas, os moradores encontram dificuldades até mesmo para tratar problemas de saúde. O Jornal Tambor noticiou a situação da idosa Maria de Fátima Lima Souza, que devido à situação financeira, não tem condições de continuar seu tratamento para câncer e má circulação, e nem mesmo custear seu transporte para a capital, onde faz tratamento.
A terra do quilombo encontra-se em litígio com um fazendeiro, e moradores relatam a intimidação de jagunços, que impedem o acesso à terra e principalmente a coleta do coco babaçu, ao mesmo que o território ao seu redor é desmatado para plantio de capim, em parte autorizado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (SEMA).
A comunidade centenária, até o presente momento, está se apoiando em doações de alimentos promovidas pelo Movimento Quilombola e pelos Fóruns e Redes de Cidadania.