No dia 26 de janeiro, entidades quilombolas de Alcântara (MA) divulgaram uma nota informando o seu rompimento com o governo Luiz Inácio diante da desconsideração de suas demandas em vista da ampliação da Base Aeroespacial ali instalada. Os quilombolas anunciaram sua retirada do Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) criado em abril de 2023 pelo governo federal após o Brasil ter sido condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos pelos 40 anos de violações contra as comunidades quilombolas de Alcântara.
“Ressaltamos que o ingresso das entidades representativas das comunidades de Alcântara no GTI se deu como ato de boa-fé, movido pela crença de que o atual Governo iria, concretamente, mudar o rumo histórico até aqui dado ao caso de Alcântara. A retirada dessas entidades da participação do grupo interministerial dá-se de forma coerente com a luta histórica pela garantia incondicional da titulação do território”, informa a nota.
Os quilombolas ainda informam que no total de cinco reuniões até agora realizadas ficou claro para as comunidades que o propósito do GTI é encontrar uma forma de conciliar os interesses dos militares com os direitos dos quilombolas às suas terras ancestrais, “o GTI não tem o compromisso de estabelecer diálogo que, efetivamente, respeite o equilíbrio de forças e as formas de auto-organização das comunidades. De igual modo, reproduz a postura autoritária com a qual o Estado brasileiro trata o caso Alcântara há mais de quarenta anos”, explica a nota assinada pela Associação do Território Étnico Quilombola de Alcântara – ATEQUILA, o Movimento dos Atingidos pela Base Espacial de Alcântara – MABE, o Movimento de Mulheres Trabalhadoras de Alcântara – MOMTRA e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Alcântara – STTR/Alcântara.