Maduro toma posse em dia marcado por movimentações intervencionistas e tensões na fronteira

Fronteira com a Colômbia e espaço aéreo da Venezuela foram fechados horas antes da posse.
Foto: ZURIMAR CAMPOS / Presidência Venezuelana / AFP

Maduro toma posse em dia marcado por movimentações intervencionistas e tensões na fronteira

Fronteira com a Colômbia e espaço aéreo da Venezuela foram fechados horas antes da posse.

O presidente venezuelano Nicolás Maduro tomou posse hoje (10/1) em um dia marcado por novas movimentações intervencionistas por parte dos setores pró-Estados Unidos do país. Horas antes da proclamação de Maduro como presidente, o candidato derrotado no pleito, Edmundo González, se autoproclamou mandatário do país.

González havia prometido ir até a Venezuela junto de uma comitiva de nove ex-presidentes latinoamericanos, todos conhecidos lacaios do imperialismo ianque, para tomar posse no lugar de Maduro. Não houve mais notícias sobre sua viagem. 

Em sua posse, Nicolás Maduro condenou os planos golpistas da reação pró-imperialismo ianque, encabeçados, segundo ele, “por um nazifascista, chamado Javier Milei [presidente da Argentina]”. “Acharam que poderiam impor um presidente. Não puderam, nem poderão jamais”.

Fronteira com a Colômbia fechada

Horas antes da posse presidencial, o governador do estado de Táchira, fronteiriço com a Colômbia, declarou o fechamento das fronteiras entre os dois países por 72 horas. O fechamento foi justificado por “informações de conspirações internacionais para perturbar a paz dos venezuelanos nesta região de fronteira”, disse o governador. “Por isso, atendendo a instruções do presidente Maduro, fechamos as fronteiras com a Colômbia”.

Na terça-feira (7/1) Maduro já havia anunciado a prisão de sete mercenários estrangeiros enviados à Venezuela para cumprir “atos terroristas contra as autoridades venezuelanas”. Entre os sicários presos estavam “dois importantes mercenários americanos” além de três ucrânianos e dois colombianos. Soma-se desde novembro de 2024 mais 125 estrangeiros “suspeitos de orquestrar ações para desestabilizar o país”.  

O governo venezuelano também anunciou o fechamento completo do espaço aéreo do país. 

Declarações golpistas

O dia foi marcado por pronunciamentos de outras figuras alinhadas aos interesses do Estados Unidos na América Latina. O ultrarreacionário presidente ianque Donald Trump exortou seu apoio aos distúrbios golpistas na Venezuela, chamando a ambos Edmundo González e Corina Machado de “lutadores da liberdade” que expressam “pacificamente as vozes e a vontade do povo venezuelano”.

Agradecendo ao apoio do amo imperialista, Edmundo González disse que será ele a tomar posse como presidente do país na sexta-feira. Corroborando, a figura tragicômica de Juan Guaidó que se autoproclamou presidente da Venezuela em 2019, afirmou ao monopólio de imprensa CNN que “ não há dúvidas que o presidente eleito é Edmundo González”.

O presidente ultrarreacionário argentino Javier Milei também se pronunciou e convocou “os demais governos da região a repudiar o ataque a Corina Machado e a exigir o fim do regime socialista”. 

Brasil ao lado do EUA 

O presidente brasileiro Luiz Inácio (PT) decidiu não ir à posse. Em seu lugar, ele enviou a embaixadora brasileira em Caracas. O ato é interpretado como uma decisão do governo brasileiro de não polarizar com o imperialismo norte-americano na questão venezuelana. Dentro do governo, vários ministros de Luiz Inácio condenaram a posse de Maduro sem reprimendas vindas do mandatário brasileiro. 

“Lamentável”, disse o vice-presidente Geraldo Alckmin. O ministro dos Transportes, Renan Filho, disse estar “indignado”. 

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