De acordo com dados do Serasa, 71,7 milhões de brasileiros estão com o nome sujo. Dos endividados, 24,74% estão inadimplentes com as contas básicas (água, luz e telefone). Esse é um número recorde dos últimos quatro anos que expressa o grau da crise econômica que se vive no Brasil hoje.
De julho para agosto o número de inadimplentes em contas básicas cresceu em 13,82%, e de agosto para setembro, cresceu 2,4%. Apesar da tentativa do governo em diminuir a quantidade de brasileiros no Serasa através de programas cosméticos – para depois, com novos programas de créditos, gerar uma nova multidão de endividados –, tais intentos não têm acompanhado o agravamento da crise econômica, situação expressa pelos números que apontam para o constante endividamento do povo.
Dois pesos, duas medidas
A situação em que se encontra o povo brasileiro demonstra ainda como o celebrado “crescimento da economia”, divulgado em histeria após alta de 2,1% no PIB em julho, não significa uma melhora nas condições de vida do povo. A alta no PIB, impulsionada pelo crescimento de 8% do chamado agronegócio, reflete-se tão somente em melhorias para o próprio punhado de latifundiários brasileiros e outros setores das classes dominantes.
Além disso, enquanto o povo afoga-se em dívidas, o governo segue a beneficiar esses mesmos setores das classes dominantes com programas de fomento e isenções fiscais. Além dos R$ 330 bilhões destinados ao latifúndio por meio do Plano Safra, o velho Estado brasileiro beneficia o setor com toneladas de isenções fiscais, sobretudo na exportação, cedidas tanto ao “agro” quanto à grande burguesia. Em maio, o ministro Carlos Fávaro garantiu que Lula não taxaria as exportações do latifúndio.
Já em agosto, o Congresso aprovou a manutenção da política de desoneração da folha de salários para 17 setores da economia até 2027, uma medida que beneficia fortemente a grande burguesia. Em 2022, cerca de R$ 9,2 bilhões deixaram de ser pagos pelos grandes burgueses ao velho Estado por conta da medida.
Esse fato, somado ao crescimento constante das taxas de juros básicas (Selic e juros do crédito rotativo), mostram que não há perspectivas econômicas para uma mudança significativa dessa situação que o povo passa. Enquanto o governo cede bilhões a latifundiários e grandes burgueses, ao povo são oferecidas as tímidas propostas de acordo de dívidas ou prolongamento do prazo de pagamento, ambas incapazes de produzir uma mudança significativa na situação de alto endividamento das massas.